Tomb Raider

O novo Tomb Raider já chegou ao cinema e como não podíamos deixar passar esta estreia fomos logo assistir ao filme na ante-estreia. Depois de tantos anos sem novos filmes e com uma enorme mudança no que toca ao aspeto do videojogo em que este filme se inspira, as expetativas eram algo mistas. Se por um lado se esperava muito para se saber o que tinham ou não mudado, por outro lado há sempre aquele pequeno detalhe: filmes baseados em videojogos não são bons na sua maioria. Bem, logo desde cedo se sabia que pelo menos este ia ser baseado no reboot lançado em 2013 pela Square Enix e a atriz escolhida para o papel de Lara Croft, que se sabe desde há muito tempo, podemos dizer que está de acordo com a nova Lara dos videojogos. Por isso, até este ponto está tudo bem. Mas vamos avançando.

No que toca à adaptação a videojogo podemos dizer que este filme é talvez um dos mais competentes. Funciona muito bem e vai buscar o suficiente ao jogo de 2013 para percebermos a adaptação. A atriz, como já referi, é muito parecida e o acrescento de certos detalhes como as feridas estarem exatamente nos mesmos locais do videojogo faz com que o filme fique muito semelhante ao jogo. As situações de perigo são igualmente idênticas e até tivemos direito aquela cena do avião encalhado no cimo duma cascata. A resolução de puzzles e os momentos de ação, com exceção do primeiro combate no ringue, estão muito bem conseguidos. Por isso, estamos perante uma adaptação competente.

Agora falemos disto como um filme que é a sua base fundamental. Primeiro, temos um filme que pouco acrescenta aquilo que já foi visto no gênero de aventura. Segundo, tens algumas personagens que acabam por estar ali só por estar. Talvez fosse mais interessante que o elenco fosse mais reduzido e assim houvesse mais ligação na construção da personagem de Lara Croft. Entre outros detalhes que prefiro não referir a fim de não dar spoilers a ninguém. A fotografia está muito bem e gostei bastante das cores escolhidas, pois vão ao encontro daquilo que é o videojogo. Já a realização está algo estranha em certos momentos. Não há grande coerência ao longo do filme e passamos de cenas altamente bem realizadas, para cenas em que parece ter sido trabalhado por um estagiário, não tirando mérito aos mesmos está claro. Apesar de tudo, o que acabo por retirar como um dos pontos mais negativos é mesmo a narrativa, que nada de novo acrescenta, é bastante previsível e vai sendo salva pela interpretação de três belos personagens. Alicia Vikander no papel de Lara Croft, que podemos garantir já aqui que tem garra e carisma para o papel desta nova Lara. Walton Goggins, que apresenta aqui o vilão Vogel, que apesar de não ter assim tanto tempo de antena consegue desenvolver um vilão digno de um filme deste género. Temos ainda e com um tempo ínfimo no ecrã a Kristin Scott Thomas, que demonstra a personagem mais misteriosa do filme, mas muito bem caracterizada.

Para nós Tomb Raider é um filme competente no que toca à adaptação de um videojogo. Conseguiram fazer algo que é muito raro nestas adaptações e ser fiéis ao original, colocando vários indícios do videojogo, chegando mesmo a ser demasiado como o original, ganhando assim falhas cinematográficas imperdoáveis. Apesar de tudo não é um filme péssimo e vê-se bastante bem, contando que não sejamos perfeccionista do cinema. O elenco principal está muito bem e contrasta com um enredo mal construído e uma realização de qualidade pouco constante. Se são mesmo fãs de aventuras ou dos videojogos, a ida ao cinema não será completamente desperdiçada, mas não elevem muito as vossas expetativas. Eu gostei de certos momentos e foi um regalo ver uma adaptação competente (uma palavra demasiado repetida neste texto, mas é o que realmente representa este filme.).