Era uma Vez


Qualquer conto de fadas precisa de uma princesa corajosa, de um cavaleiro de armadura brilhante montado no seu cavalo branco e um dragão assustador e terrível. E claro, Era uma vez não podia ser diferente! Bem-vindos a um jogo de terras mágicas onde se procura aventuras e desafios. As personagens precisam da nossa ajuda para avançarem na sua história e cumprir o seu destino, página a página. Era uma Vez é um novo jogo lançado pela MEBO Games em Portugal, originalmente publicado pela Iello Games, desenhado por Matthew Dunstan e Brett J Gilbert com ilustrações de Miguel Coimbra. O jogo dura em média 30 minutos, sendo possível jogar entre 2-4 jogadores e é recomendado para maiores de 8 anos.

Durante o jogo vamos desenvolvendo o reino mágico, colocando novas peças no tabuleiro e movendo a Princesa, o Cavaleiro e o Dragão por diferentes lugares, como montanhas, florestas e planícies. Cada jogador recebe uma parte igual das 36 cartas de história para começar o jogo, formando assim o “livro” ou conto de cada jogador, que apresentam diferentes objetivos em cada carta que simbolizam a página de cada livro. O primeiro jogador a “ler” todas a páginas do seu livro, ou seja, que complete todos os objetivos ganha o jogo. 

Era uma vez é um bom jogo de tática rápida. Num menor número de jogadores, como por exemplo 2 jogadores, existe mais controlo sobre o jogo, pois há menos ações intervenientes e como resultado há maior probabilidade de obter o reino e as personagens nos lugares que são precisos para completar um objetivo. Num jogo de 4 jogadores, o jogo parece cair mais num lado de fortuna, em que podemos quase não fazer nada no nosso turno e ter a sorte do nosso objetivo estar concluído ou ter azar e durante os três turnos antes do nosso, cada ação realizada nos afasta de terminar o nosso objetivo. Aconteceu-me muitas vezes movimentar uma personagem e rezar para que ela não fosse movida para muito longe do meu objetivo antes do meu turno. 

Os turnos individuais são normalmente rápidos, muitas vezes com menos de 30 segundos de duração. Como só se pode realizar uma ação a cada turno e cada jogador tem um objetivo definido pela carta, os movimentos a realizar são frequentemente óbvios. Se conseguirmos completar o nosso objetivo, passamos para a carta seguinte. Se não for possível realizar o objetivo naquele turno, temos a hipótese de trocar a carta objetivo e viramos um toten de madeira que nos permite fazer duas ações no turno seguinte, o que pode ser muito útil para realizar objetivos de cartas mais complexas. 

Como não é possível ver as cartas dos nossos oponentes, o jogo não se torna muito defensivo, apesar que pode chegar a uma altura que ao observar os movimentos dos nossos adversários conseguimos identificar uma parte do objetivo, resultando assim numa pequena guerra de movimentos.  Como o nosso grupo somos todos adultos e sérios, foi comum que durante o jogo fossemos inventando histórias paralelas aquelas que iam aparecendo nas cartas, tornando o jogo ainda mais divertido. 

Uma das críticas que aponto ao jogo é que poderia haver mais algumas opções de jogabilidade, outras maneiras dos personagens se moverem ou de interagirem de forma diferente ou haver um sistema de pontos de bónus, tornando assim um jogo com mais estratégia e profundidade. Entendo o porquê de o jogo ser simples, para tornar possível que seja jogado pelos miúdos até aos graúdos, sendo um ótimo jogo para se jogar em família, especialmente se houver a presenças dos mais novos.


A arte do jogo está lindíssima e os desenhos fazem-nos sonhar. As miniaturas das personagens estão fantásticas, e ainda me lembro da cara de surpresa e admiração quando as mostramos aos nossos amigos que experimentaram o jogo connosco.

Era uma vez é um excelente jogo de tabuleiro para se jogar numa noite divertida e descontraída e perfeito para se jogar em família. Para os mais experientes em jogos de tabuleiro, ele é ideal para se jogar entre os jogos “grandes” e “maçudos” que duram horas. Era uma vez mistura a quantidade certa de estratégia na colocação das peças do tabuleiro e no movimento das personagens, oferecendo aos mesmo tempo objetivos que parecem ser fáceis de realizar, mas que na realidade podem ser mais desafiantes do que parecem. A história escrita é um bom elemento que acrescenta uma narrativa de um conto de fadas, dando a liberdade de acrescentar algumas “linhas” nas páginas do livro de cada jogador. Uma grande aposta da MEBO Games que vem mesmo a tempo do Natal para deliciar os mais velhos e introduzir os mais novos no mundo fantástico dos jogos de tabuleiro.
Cristiana Ramos
Escrito por:

Dividida entre o mundo da Ciência e o mundo Geek. Viciada em livros e viagens. Espectadora assídua no cinema, especialmente se aparecer um certo Deus com cabelos loiros. Adora filmes de terror. Louca por cães, mas eles são tão fofos! Romântica incurável (apesar de não admitir). Fã de Friends e Big Bang Theory.

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