Gemini Man, realizado pela mente brilhante de Ang Lee (A Vida de Pi), segue o fim de carreira de Henry Brogen (Will Smith) já cansado de toda uma vida como assassino de elite. Porém, é confrontado com Junior (Will Smith), um jovem assassino que foi contratado para o matar. Quando Henry descobre que o jovem é nada mais nada menos do que um clone seu, irá debater-se entre tentar sobreviver e salvar o jovem de viver a mesma vida que levou.
O plot não é original. Já outros seguiram o mesmo caminho. Exemplo disso é o jogo Metal Gear Solid com os vários Snakes, mas também em filmes como Star Trek Nemesis (2002), ou até Looper de 2012. Em Star Trek temos o diplomata e amante de chá, Picard que é confrontado com o seu clone Shinzon que devido a uma vivência de tortura, guerra e ódio é pouco mais que uma versão “pure evil” do capitão da USS Enterprise. Aqui o tema não explorou mais do que o bem vs mal e deixou a desejar. Em Looper a versão mais jovem de um homem é enviado para matar o seu futuro eu. Nos dois filmes, o homem jovem debate-se com o que lhe foi ordenado e o homem mais velho não consegue evitar, de uma forma paternal até, salvar a sua versão mais jovem. Tendo isso em conta, explorar o tema controverso da clonagem nunca é fácil, já que nos podemos deixar levar pela ética da questão. Até que ponto é boa ideia reproduzir uma pessoa completa? O clone acabará por ser a mesma pessoa quando cresce ou é a vivência que é a verdadeira condutora da personalidade? Estamos já destinados a ser como somos ou foi-nos incutido pelo ambiente envolvente?
O que vem então a ser original neste filme? Desta vez é mais do que simplificar. É mais do que preto e branco: o ser humano reside sempre na área cinzenta. Que faríamos se fossemos confrontados connosco mesmos 10, 20, 30 anos mais velhos/jovens? Que faríamos se aquela versão de nós tivesse como único propósito de vida a nossa eliminação? Que sentiríamos? Raiva? Medo? Compaixão? É esta a vertente que espero. Muito mais do que um bom filme de ação/sci-fi, quero ver uma exploração da natureza humana, não quero uma plot fácil e mastigável. Quero que me faça pensar em todas as repercussões de nos enfrentarmos a nós mesmos. Quero conectar. Numa entrevista, Will Smith, ele mesmo confessou que nunca poderia ter feito este papel quando tinha 23 anos. Foi preciso ter feito inúmeros filmes e melhorar a sua performance em cada um deles para conseguir chegar a este e conseguir interpretar duas personagens que por um lado são tecnicamente a mesma pessoa... mas nem por isso.
Foram mais de 20 anos à espera de que a tecnologia chegasse ao ponto de fazer justiça ao guião originalmente escrito em 1997. Hoje em dia é já possível rejuvenescer atores quando a história assim o pede, mas nunca vi nada como neste filme. A personagem de Junior, o clone de Henry Brogen é 100% CGI mas a interpretação é completamente de Will Smith. Que está brilhante como só poderia ser! Parem para pensar… Aqui mesmo à frente dos nossos olhos está uma réplica super realista do Fresh Prince of Bel Air de que tão bem nos lembramos. Será este o futuro do cinema? Os atores emprestam o seu talento mas o que vemos é sempre virtual? Talvez o conceito do filme O Congresso de 2013 não seja já uma ideia de um futuro assim tão distante. Will Smith acrescentou em jeito de piada que a partir de agora já podia comer e ficar obeso porque sempre teria uma versão eternamente jovem de si mesmo para aparecer nos filmes por ele. Imaginem um ator sénior, com todos os anos de experiência por detrás com a possibilidade de interpretar alguém jovem. Seria uma completa reviravolta na indústria: o culto da juventude morreria e teríamos uma nova era de validação da experiência vs jovem e belo.
Por aqui ficamos à espera da estreia do que poderá bem vir a ser o melhor filme de ação do ano. Estreia já em Outubro!
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