Simplesmente não consegui entender como um livro assim bate recordes de venda. Ainda não percebi bem qual é o motivo de tanto sucesso e euforia por tal livro. A única explicação para isto é a mesma que se pode aplicar a tantos outros produtos - o sexo vende. Mas sexo do pesado porque Nora Roberts e Sherrilyn Kenyon, Kresley Cole também têm cenas de sexo nos livros delas e não foi um sucesso assim! É verdade que é um livro denso para certo tipo de leitor, aqueles que são mais sensíveis podem não gostar da maneira de como as cenas são escritas, porque é tudo bastante claro como a água.
Um aspecto negativo do livro é a fraca narração. Nota-se uma escrita simples, muitas vezes sem muitos sentimentos e bastante pobre, percebe-se bastante bem que é uma escritora nova na área. Para quem está habituado a escritores como Nora Roberts ou Nicholas Sparks é uma tremenda desilusão, porque o livro tem todos os aspetos necessários para se obter uma história boa e intensa.
Também é um livro cheio de clichés, rapariga virgem conhece rapaz milionário e que é lindo de morrer e de repente só vê o rapaz à frente. Achei ridículo o facto de Anna ter que assinar um contrato de confidencialidade quando Christian conta o seu “segredo”. Gostos são gostos e o que importa o que um casal faz dentro das quatro paredes? Não é por isso que ela iria dizer a todos que o fantástico Grey gosta de sadomasoquismo, é tão estúpido ao ponto de eu achar que ele tem vergonha de si próprio. Outra coisa que me surpreendeu, foi a forma como a Anna perdeu a virgindade, ela conhecia o Christian há tão pouco tempo e simplesmente deixou-se ir, nota-se aqui como Ana é facilmente manipulada. Também senti que a própria escritora não pesquisou o bastante para apresentar o tema de BSDM (bondage, disciplina e sado-masoquismo), tornando o livro ainda mais fraco nesta temática. Não gostei das cenas de sexo porque a forma como a autora escreveu tais acontecimentos com tanta indiferença, frieza e sensibilidade fez com que me desse vontade de passar essas cenas à frente.
Um aspeto que me irritou durante todo o livro foi a “Deusa Interior”. Mas que é isto?! É tão estúpido que chega a ser cómico! Anastasia em si é uma personagem que me irritou profundamente, bastante aborrecida e uma “pãozinho sem sal”.
A parte mais bonita da história é quando Christian se apercebe que os seus sentimentos por Anastasia não são algo tão simples nem superficial como ele estava à espera, causando-lhe alguma confusão porque ele nunca se apaixonou verdadeiramente por uma rapariga nos seus 27 anos de idade.
Apesar de todas as personagens se desenvolverem rapidamente e de todos os clichés, esta história mostra-nos um lado bastante interessante de um homem perturbado que refugia-se no sexo para tentar ultrapassar o seu passado. Christian é um personagem bem profundo, com explicações para gostar do que gosta e isso foi bem surpreendente. Diverti-me imensamente com os e-mails que os dois trocavam, pois, neles, víamos um Grey brincalhão e protetor, dava para ver o outro lado daquele homem misterioso que não deixava nada transparecer.
Os segredos do seu passado (as suas cinquenta sombras) é um dos mistérios que os leitores vão querer descobrir e foi um dos grandes motivos pelo qual eu continuei a ler esta trilogia, o porque do Christian querer o controle de tudo e o porque de não deixar nenhuma mulher lhe tocar em certos lugares do seu corpo, isto é o mais interessante do livro. Acho que o verdadeiro tema que a escritora queria desenvolver não foi bem obtido, mas é esta personagem masculina que é bastante interessante para captar a atenção dos leitores e quererem saber mais.
“O amor é uma coisa estranha. É um sentimento que não se mede, que não se vê, e que somente se sente, se agarra, se abraça e com o qual se enlouquece, se esquece, se aceita e se abdica. O amor é vitorioso, é etéreo. É profundo e, por vezes, extremamente físico. Mas o amor é também ciúme, é controlo. É uma tensão maravilhosa que se espalha pelo corpo, que desvaira a mente, que se camufla por trás de uma necessidade insana, irracional, se possuir, de ter. O amor... O amor são cinquenta tonalidades de uma mesma emoção, de uma mesma alma. São cinquenta nuances de aquiescência, cinquenta vontades de um mesmo mistério, de uma mesma forma de prazer. São cinquenta sombras de... tudo. “
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