E chegámos ao último livro da trilogia mais falada e vendida no ano 2012 e que abriu o caminho para a publicação deste tipo de romances, tais como “Rendida” e “Porque és minha”.
O livro começa na lua de mel de Christian e Ana, ou seja, no início não temos quaisquer informações ou detalhes do casamento (ocasião que eu esperava ler com todos os pormenores) mas passado algumas páginas. Anastasia que está deitada na espreguiçadeira tem uma espécie de flashback e dá ao leitor a visão do seu casamento. Temos então aquilo que deveria ser uma relação de amor mas que está sempre condicionada pela personalidade dominadora de Grey porque apesar de amar Ana, ele terá sempre que estar no controlo. No início do livro não temos grandes reviravoltas, apenas um casal feliz que está aproveitar a sua lua de mel cheia de seduções e tentações.
Mas neste livro temos algo que nos outros dois não havia, uma vertente diferente e de maior ação: o poder da vingança e o desejo de destruir por completo a relação de Christian e Ana, ou seja, vai aparecer uma personagem – que já tivemos acesso a ela no último capítulo “As cinquenta sombras mais negras” – que o seu objetivo é arrasar com esta relação que parece que começou a encontrar o seu caminho para a felicidade.
Quanto às cenas de mais sexualidade, já temos aquilo que se pode chamar uma relação entre um casal pois mostra-se ser apimentada, animada e apaixonada. Apesar disto, as tendências e as práticas BDSM continuam em grande na parte da sexualidade entre o casal. Quanto à linguagem e a forma como o livro é escrito, continua bem presente o calão e as aparições da deusa interior mas com menos frequências (graças a Deus!). Se compararmos a escrita do primeiro volume com este nota-se uma certa evolução mas ainda há certos diálogos e certas descrições que eram totalmente desnecessários, mas é verificado que a autora melhorou a sua maneira de redigir.
Sobre as personagens, Christian Grey sempre foi algo que na minha consideração andou de um lado para o outro, durante os três livros. No primeiro livro comecei por não simpatizar muito com ele mas depois para o final das “Cinquenta sombras de Grey” fui-me cativando por ele. Depois no segundo volume, com certas atitudes voltou a abaixar na minha apreciação mas logo subiu quando descobriu que estava apaixonado por Anastasia e neste último livro começou no auge da minha avaliação e desceu completamente quando, a meio da história, Ana conta a Grey algo que vai mudar a relação deles para sempre (quem leu o livro sabe do que estou a falar) e quando li a reação dele só quis bater-lhe e mostrar-lhe o quanto estúpido ele estava a ser, e estragou tudo quando foi ter com Sra Robinson. No oposto, é nesta cena que Anastasia, para mim cresce como personagem e é aí que eu grito: Finalmente! Ela mostra a sua verdadeira garra, força e persistência! Como disse nas minhas opiniões anteriores, nunca engracei com a personagem feminina porque ao olharmos para o mundo de hoje, as raparigas não assim tão ingénuas como Anastasia é. Tive que esperar três livros para que esta personagem, que era um ratinho se transformasse num leão! E acho que é com esta mudança de atitude que o próprio Christian nota que não pode continuar a ser tão possessivo e estar no controlo como antes, senão está sujeito a perder aquilo que mais ama. A Sra Robinson é mais do mesmo que já disse na opinião anterior, ela irrita-me e nunca sabe quando está a mais.
A estrutura da narrativa ao longo do livro é mantida, onde temos os famosos e-mails trocados durante o casal, que na minha opinião é das partes mais cómicas e divertidas dos livros desta trilogia. O desfecho acho que deixou as minhas expectativas aquém, fiquei com a sensação que faltava ali algo e que acabou muito depressa. E ainda há a falha que não sabemos como ficam a Mia e Ethan.
Ainda no final temos um pequeno episódio triste do primeiro Natal de Christian enquanto adotado por Carrick e Grace e ainda há dois capítulos que nos fazem retroceder até ao primeiro livro mas com uma diferença: o narrado é Christian em vez de Anastasia. E. L. James rescreveu o primeiro livro no ponto de vista da sua personagem masculina. Sou sincera que não li o livro e talvez nunca o vá ler porque acho que estes três volumes foram suficientes para entender a história completa. Acho que quando querem a perspectiva dos personagens principais, em vez de escrevem o livro na primeira pessoa, escrevam na terceira pessoa e vão mudando o narrador ao longo do livro. E mesmo na primeira pessoa dá para fazer esta técnica.
Independente do que acontece, a trilogia “As Cinquenta sombras” foi um fenómeno mundial que eu faço comparação com a saga “Twilight”. Para mim, confesso que estava à espera de mais, eu gosto deste tipo de livros mas houve certos aspetos que fizeram com que eu, como leitora, perdesse algum interesse tais como a escrita e a personagem feminina. É uma história para se ler a um domingo à tarde para desanuviar e descontrair.
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