A luta entre O Predador e o Homem já vem desde 1987 quando o primeiro filme da saga chegou às salas de cinema, mas foi mesmo antes de 1985 que todo este universo começou a ser pensado. Depois de algumas críticas não muito positivas, o primeiro filme tornou-se ao longo dos anos seguintes ao seu lançamento numa obra apreciada por muitos e em 1990 surgiu a sequela onde levava este extraterrestre predador até uma cidade. Não ficou por aqui, com dois spinoffs a surgir em 2004 e 2007, que juntava esta saga com a do Alien, mas foi em 2010 que foi lançado no cinema uma nova sequela. Vinte anos depois e com uma diferença astronómica de estilo, apareceu Predators, que levava um grupo de humanos a um planeta desconhecido, onde os Predadores se encontravam para um belo jogo de caça. Com um conjunto de críticas mistas, levando a uma média pouco maior que 50%, a saga pareceu cair por um buraco sem fundo. Não havia perspetivas para que a Fox voltasse a oferecer uma experiência mais parecida aos filmes originais. Mas finalmente, em 2018 tivemos direito a uma verdadeira sequela ao Predador 2 de 1990. Será que vale a pena? Será que consegue trazer a essência dos antigos filmes?
Quando arrancamos por esta aventura percebemos que voltamos ao nosso planeta e que os Predadores estão de volta, mas desta vez com planos um pouco diferentes. Temos um equipa muito disfuncional que se junta para dar cabo desta ameaça enquanto a personagem humana principal luta pela sobrevivência da sua família. Uma luta quase inglória que fica ainda mais estranha quando surge um novo Predador. É mais ou menos a meio do filme que percebemos a evolução dada a esta história. O que inicialmente parecia ser apenas uma recriação do filme original de 1987, começou a construir-se como uma história única e até bem interessante. Talvez tenha faltado explicarem algumas coisas e mesmo algumas personagens esperava que tivessem mais potencial do que realmente acabaram por ter. Não é de todo uma história perfeita, mas é o suficiente para que o filme se aguente durante o tempo de duração.
O elenco apresentado está todo ele entre o mais e o menos conhecido. Temos caras que nos vêm logo à memória, como é o caso de Alfie Allen, que entra em Game of Thrones, ou até mesmo o pequeno Jacob Tremblay, que ficou conhecido pelo seu fantástico papel em Room. E para não estar aqui a apontar todos os nomes, que ainda são alguns, posso dizer que os papéis representados estão dentro do esperado e principalmente dentro do nível que este filme pede. Dentro da equipa principal houve um que para mim se destacou, com a sua personagem irreverente e que talvez tenha conseguido criar os momentos mais divertidos do filme, que foi Keegan-Michael Key.
E sim, eu disse divertido, algo que pode soar estranho num filme destes, onde muitos podem estar à espera do terror ser a marca principal. Este título passa desde momentos de violência extrema para momentos de humor e piadas bem à filme Disney. A ideia que transmite que nos dias de hoje todos os filmes tem de ter a sua quota de piada para que alcance todas as idades. Quando chegamos a um filme, onde há vários momentos carregados de sangue, inclusive com vísceras bem expostas e ao mesmo tempo tentam dar uma leveza estranha a todos os momentos parece algo esquisito. Bem verdade é que no primeiro título isto também acontecia um pouco, mas não tão exagerado como aqui.
O Predador não é um mau filme. Diverte e principalmente consegue entreter durante todo a sua hora e quarenta de ação. Está longe de se conseguir exceder e os seus problemas em várias áreas não ajudam. Apesar de bons efeitos especiais, um elenco equilibrado e divertido, uma realização que está longe de ser má, o filme encontra uma série de dificuldades em se destacar. Quer por não conseguir dar asas a certas personagens que pareciam se estar a construir para algo maior do que acabamos por conhecer, quer pela tentativa de querer ser mais leve do que realmente precisa. Um título como este chega ao público que procura ação e muito suspense. A capacidade de nos deixar sempre à espera que o Predador apareça a qualquer momento não é conseguida, retirando completamente o suspense. Acabamos com um filme de ação e demasiado próximo da comédia, o que não me agradou. Um misto de coisas boas, aliadas a coisas não tão boas, conseguem ser suficientes para criar um capítulo curioso e satisfatório. No final das contas fica sempre aquela de sensação de algo mais, contando que este filme deixou tudo pronto para uma possível sequela.
Veremos como se comporta em bilheteira. De lembrar que este filme será, muito provavelmente, o último filme da saga a ser lançado pela alçada da 20th Century Fox, visto que está previsto a conclusão do negócio com a Disney até ao final do próximo verão. Ficamos assim, uma vez mais, com um futuro completamente imprevisível no que toca a novas sequelas.
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