Para quem me conhece sabe que sou uma amante do género de terror. Adoro um bom filme de terror, um bom livro e até um videojogo. Mas quanto à última categoria sou um pouco picuinhas e esquisita. Sou muito específica no tipo de jogos que escolho. Adoro jogos de plataforma como os clássicos Mario e Sonic, e desconfio que assim o seja porque cresci com o famoso ouriço-cacheiro azul a fazer-me companhia todos os dias na minha antiga Sega Saturn, a única consola que tive. Ainda nos tempos de hoje gosto de ligar a consola antiga, que agora pertence ao Eduardo, e deliciar-me com os meus jogos de infância. Não sou grande apreciadora de jogos longos porque aborreço-me passado alguns dias. Por exemplo, adoro todo o universo de Zelda e mesmo a sua história, mas as horas que tenho que dedicar para passar um jogo inteiro é algo que me custa muito. Adoro a história do Diablo mas era incapaz de jogar, ficando entretida com os livros baseados nos jogos e em todas as narrativas que se encontram no mundo online. Gosto de um jogo de luta, como por exemplo Street Fighter, mas para jogar casualmente com os amigos. Jogos de futebol são quase para esquecer, a única coisa que me digno a fazer é carregar em vários botões e rezar que não seja um fracasso. Bem, isto tudo para descrever o quão picuinhas sou com os videojogos.
Há uns dois ou três anos, o Eduardo apresentou-me um videojogo para PS3, dizendo que era a minha cara e que eu ia adorar. Ele chamou-o de uma história interactiva. Fiquei intrigada e resolvi dar uma hipótese e foi aí que conheci Heavy Rain. Fiquei deslumbrada com o jogo por causa da história. Terminei-o em apenas um dia e fiquei fã deste tipo de jogos. Quando foi anunciado para a PS4 os jogos Detroit e Until Dawn fiquei em êxtase, mas infelizmente não tenho numa PS4. Até que uma semana antes de defender a tese de mestrado, o Eduardo aparece-me em casa com uma Playstation 4 emprestada de uma amiga e para meu espanto e alegria, no meio dos jogos que a rapariga tem na sua coleção estava o Until Dawn. Ainda tentei resistir durante o fim-de-semana e enchia a minha cabeça com pensamentos “Tens uma tese para defender”; “Precisas de estudar e de te preparar”; “Daqui a uma semana podes jogar à vontade”, mas não consegui resistir.
Demorei cerca de 11 horas para terminar o jogo e conta com 10 capítulos. Until Dawn é um jogo de terror em que vamos controlando várias personagens e decidindo as ações que cada um irá realizar, levando assim a vários finais diferentes. Durante o jogo, somos apresentados ao “Efeito Borboleta” em que cada escolha nossa terá grandes consequências no desenrolar da história, decidindo mesmo quem vive e quem morre.
O jogo começa no dia 2 de fevereiro de 2015, nas Montanhas de Blackwood, na província de Alberta, no Canadá. Somos apresentados a um grupo de amigos: Sam, Mike, Ashley, Chris, Matt, Emily, Jessica e Josh, sendo este último o irmão das gémeas Beth e Hannah que na mesma data no ano de 2014, desapareceram naquelas mesmas montanhas enquanto o grupo passava umas férias no chalé. Tal como diz o título do jogo “Until Dawn - Até Amanhecer”, a narrativa passa-se durante a noite e termina ao amanhecer. As personalidades conflitantes do grupo forçam-nas a separar-se em casais para fazer as suas próprias coisas e evitar mais desacordos. Mas todos sabemos o que acontece com os grupos que se separam em histórias de terror e neste caso não é diferente e tudo vira um inferno quando uma criatura e um louco mascarado começam a aterrorizar os adolescentes. Por isso, regra muito importante: nunca ficar separado do grupo!
Durante o jogo, há vários objectos que podemos examinar que vão destravar pistas e avisos, revelando informações sobre as personagens do grupo, o assassino e outros mistérios que aconteceram na montanha. Conforme vamos descobrindo as pistas, estas parecem que não têm grande importância por si só, mas só passado algum tempo é que me apercebi da relevância destes objetos e do quanto eles seriam valiosos para salvar a maioria dos elementos do grupo. Outro instrumento importante que se coleciona durante o jogo são os totens, que são objetos de madeira que revelam fragmentos do futuro. Como a maioria das coisas em Until Dawn, os totens parecem confusos até que, de repente, tudo faz sentido e nos vemos constantemente a refletir sobre os avisos e mensagens que vamos recebendo durante o jogo.
Until Dawn foi uma surpresa enorme quanto à narrativa. Estes tipos de jogos cativam pelo enredo e pela história que contam e sem dúvida que Until Dawn conseguiu. Sendo um jogo de terror ainda pulei várias vezes do sofá e ainda disse uma asneira ou outra quando estava mais tensa. Infelizmente, não tive o final que queria porque quando comecei o jogo tinha o objetivo de salvar todo o grupo. A meio do jogo já tinha perdido duas personagens e eu pensei: “Fogo só quero salvar a Sam, o resto que se lixe”! Pois, quem se tramou fui eu que a matei sem querer mesmo no final! Fiquei tão irritada comigo mesmo que quase deu vontade de começar o jogo novamente. Until Dawn permite sermos o guionista e construir a nossa própria história de terror. Sem dúvida que é um ótimo exemplo para estes dias até ao Halloween! Mesmo para quem não é grande fã de videojogos, experimentem que podem ser surpreendidos!
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