Chegou aquela altura do ano que temos direito a uma série de grandes filmes no cinema, é algo que se tem vindo a tornar cada vez mais habitual neste mês de novembro e início de dezembro. Um dos filmes mais aguardados para esta altura, que já podemos chamar de natalícia, era o segundo capítulo de Monstros Fantásticos. Depois de dois anos de espera finalmente retornamos ao mundo da magia e desta vez vamos mesmo até Hogwarts. Depois do lançamento do primeiro capítulo, que apesar de ter gostado não excedeu muito as minhas expectativas, foram várias as novidades ao longo destes dois anos e também muitas teorias a surgir. Estamos a falar de um dos maiores universos da história, com uma base de fãs astronómica e onde a própria autora participa ativamente, apresentando contos e informações sobre este universo que apenas podem ser encontrados ali,o que leva a que a equipa do filme esteja por isso perante uma grande base para agradar. A grande questão que se pode colocar aqui é se realmente haverá conteúdo interessante para cinco capítulos desta nova história. Há muita coisa que pode acontecer nestes filmes, mas há também muita que já é conhecida. A história base já vem de vários pequenos contos que a própria autora foi lançando no site oficial do universo Harry Potter, assim como os próprios livros do pequeno feiticeiro contém muito material para se trabalhar, mas não tem uma base tão sólida como a série de filmes lançada entre 2000 e 2011, daí o receio de muitos fãs e de forma a acalmar qualquer fúria, o estúdio optou por colocar a própria autora a escrever os filmes o que parece ter sido uma escolha meio certa.
A história do primeiro Monstros Fantásticos estava algo morna, não passando muito de uma breve introdução a Newt que se misturava com um enredo bem maior do que ele, levando assim a um final que mostrava exatamente para o que todo aquele filme acabou por servir: apresentar Grindelwald. Este vilão é o foco dos cinco filmes, pelo menos é o que aparenta e Newt está no segundo capítulo bem mais apagado, aliás arrisco mesmo a dizer que as várias personagens que fizeram o primeiro filme são apenas uma história paralela àquilo que realmente é importante no mundo mágico. A imagem que quiseram passar nesta nova saga de que Newt funcionaria como o novo Potter não funciona de igual forma e por isso o personagem vai acabar por ser mais uma peça no tabuleiro, deixando espaço para Dumbledore e Grindelwald brilharem e é este foco que eleva este filme ao seu antecessor, que apesar de ter imensas histórias a acontecer para um único filme, mostra ao público que ainda há muito para explorar. Esta tem sido uma das grandes críticas ao filme com os vários subplots a criarem um ritmo demasiado alucinante fazendo perder qualquer um que esteja mais distraído, mas pelo menos passamos duas horas e meia de grande aventura e não achei que houvesse assim tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo, conseguindo me agarrar do princípio ao fim. Mas é talvez o final deste filme que deixou qualquer um naquele cinema boquiaberto. A forma como todo aquele final é montado ao longo do filme leva a que possam criar todas as teorias e mais algumas e isso faz com que esta saga se mantenha bem viva até ao próximo lançamento que só acontece daqui por dois anos. Uma história que convence mais que a do primeiro filme e que termina de forma estrondosa, algo que não tinha sido bem conseguido anteriormente.
Em questões técnicas acho que a Warner não deixa nada a desejar. Senti muito mais o mundo mágico aqui que no primeiro filme. É interessante ver outros locais e as montagens cénicas estão exuberantes e maravilhosas. Por muito que queira referir a arte da realização acho que já toda a gente sabe com o que contar. David Yates está de regresso e já vai com o seu sexto filme nesta saga, sim este realizador já trabalha neste universo desde Harry Potter e a Ordem de Fénix, por isso podem contar com o estilo que já nos habituou. Quando o filme terminou, eu pensei mesmo para mim que esta nova saga de filmes estava extremamente semelhante aos últimos filmes da saga Harry Potter e nem sequer me lembrou que o realizador seria o mesmo, até ver o nome dele no ecrã. Talvez por ter praticamente começado a sua carreira cinematográfica neste universo, tenha criado uma grande relação com o mesmo, explorando e movendo a sua técnica de acordo com o que os filmes precisavam e assim espero que continue por cá, porque sinceramente não precisamos de tanta mudança técnica como aconteceu com os primeiros filmes do Harry Potter onde cada um parecia seguir um caminho bem diferente do anterior.
O elenco de Monstros Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald é em parte, como já referi, conhecido de todos vós, mas agora está emaranhado num conjunto de novos personagens que fazem com que a história avance, mas vamos por partes. Temos Newt Scamander, protagonizado por Eddie Redmayne, que continua, a meu ver, a ser o melhor ator para um papel tão carismático como este. Ao seu lado encontramos novamente o trio maravilha composto por duas mágicas americanas e um NoMag, que novamente são protagonizados por Katherine Waterston, Dan Fogler e Alison Sudol, com destaque para esta última que tem aqui uma pequena história que a leva por caminhos travessos. A estes juntam-se ainda mais um conjunto de personagens, vindos diretamente do Ministério da Magia Inglês, que é nada mais que o irmão de Newt, a sua noiva e ainda um investigador bem sinistro, que proporcionam uma base mais sólida à história de Newt. Não podia falhar Credence (Ezra Miller), que tem aqui uma das histórias mais importantes para todo o filme e com este conhecemos também as origens de Nagini (Claudia Kim), a famosa serpente que Voldemort controla. E claro, Grindelwald e Dumbledore. O primeiro protagonizado por Johnny Depp que finalmente nos mostra um personagem sem tiques de Sparrow, onde nos apresenta um papel ao nível da qualidade do ator e mostra principalmente que ainda é capaz de desenvolver personagens com carisma único e bastante longe do que é considerado comum. O segundo quem dá a vida é Jude Law e que ótima escolha. Foi tão interessante ver nas suas pequenas aparições no ecrã aqueles momentos que conhecemos tão bem do personagem. Mais do que representar aquela personagem tão famosa, Law conseguiu tornar-se uma versão jovem de Michael Gambon, que protagoniza o papel de Dumbledore na saga Harry Potter, mostrando que além de conseguir oferecer o seu próprio charme, consegue não esquecer o trabalho de Gambon que é a verdadeira representação física de Albus Dumbledore.
Monstros Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald é um passo em frente em relação ao anterior. O caminho está a ficar bem traçado e apesar de ainda faltar qualquer coisa para que consiga realmente ser muito bom já consegue estar perto do que os fãs pretendem. Esta é uma saga que quer mostrar mais do mundo mágico e J.K. Rowling já o disse várias vezes, mas precisava de alguma coisa que a fizesse destacar além disso e talvez tivesse sido mais interessante que todas as histórias que envolvem estas duas horas e meia de filme fossem divididas pelos dois filmes já apresentados, mas não foi esse o caso e se no primeiro acabou por ficar uma introdução algo razoável, aqui a autora tentou mostrar tudo o que se tinha esquecido. Apesar de ter gostado da forma como se desenrolou compreendo perfeitamente as críticas de que talvez fossem demasiadas histórias paralelas para um só filme, daí referir que talvez fosse mais interessante um maior equilíbrio de conteúdo entre os dois primeiros filmes. Apesar de tudo é um bom filme, carregado de excelentes efeitos especiais, com um trabalho técnico bem conseguido e um elenco de luxo que está aprovado nas personagens que desenvolve. Destaco principalmente Jude Law que apesar de não ter muito tempo de antena me fez relembrar o excelente trabalho feito por Michael Gambon, dando sempre o seu toque especial ao personagem. Um filme ótimo para esta época que vai levar todos vocês de regresso ao mundo mágico, com grandes cenas de ação e uma aventura digna desta saga. Nós gostamos e vocês?
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