Quando um novo filme da DC está prestes a chegar ao cinema acabamos com uma dose de sensações estranhas: será que vai ser bom? Será que é desta que a Warner aprendeu? Acho que as questões são sempre as mesmas, mas nos últimos anos parece não ter conseguido mostrar consistência. Mas não quero falar muito dos restantes filmes, que aliás podem ler a nossa opinião aqui no site a cada um deles. Agora estamos prontos para falar de Aquaman, que é talvez um dos heróis mais ridicularizados por todos, tem aqui o trabalho de se tornar verdadeiramente sério. Se há algo que me agradou nas versões mais recentes deste herói nos comics é a forma como ele é levado ao público, mostrando uma personagem extremamente séria e muito bem desenhada, mas nunca esquecendo aquilo que o tornou realmente popular: o ridículo. Durante a Liga da Justiça é possível ter uma ideia de como este personagem é tratado no universo cinematográfico, mas há um factor que me assusta desde início: Jason Momoa.
Momoa tem muitas limitações como ator, demonstrando ainda mais neste filme a solo. Sempre que este personagem tem de mostrar representação é quase como ver um Hulk a tentar representar - não é natural - mas em contrapartida quando chegamos às cenas em que é necessário mostrar força de combate a coisa já muda de figura. Mas o elenco não é só feito de Momoa e temos grandes nomes a compor esta equipa. Do lado dos heróis temos Mera (Amber Beard) que já deveria ter maior tempo de destaque no filme da Liga da Justiça, oferece um suporte digno ao principal personagem e apesar de exageradamente ruiva consegue cumprir muito bem a sua função. A mãe do protagonista representada por Nicole Kidman não tem muito tempo de antena, mas o tempo que tem é forte e positivo, assim como o pai humano de Aquaman que felizmente nos é representado por Temuera Morrison, com descendência neozelandesa, o que faz funcionar muito bem com o aspecto havaiano de Momoa. Já os vilões, que são dois, e felizmente conseguem apresentar-se no ecrã de forma consistente e sem criar toda a confusão que foi gerada nos anteriores filmes do universo. Yahya Abdul-Mateen II é o Black Manta, que aqui é o vilão secundário, mas depressa percebemos a sua força e potencial para ser mais que isso e no final confirmamos mesmo essa suspeita. Tem as suas motivações bem definidas e a sua representação é digna do vilão. Já como principal temos Patrick Wilson que nos trás o grande Ocean Master, que é um dos grandes inimigos de Aquaman. As suas motivações são simples e vemos o personagem em transformação ao longo do filme para se tornar o mestre de todos os oceanos. Um papel bem representado e que me surpreendeu pela positiva.
James Wan é o nome por trás deste projecto e isso pode assustar muitos de vocês pois não é o estilo inerente a este realizador, mas o que é certo é que este é um dos melhores trabalhos da DC em termos de realização. Como é lógico para um filme destes é também necessário um grande trabalho nos efeitos especiais e isso está igualmente muito bem feito, ao contrário da Liga da Justiça que tinha enormes problemas gráficos. As batalhas são extremamente épicas e muito bem coreografadas demonstrando os melhores momentos desta película. Há mesmo certas alturas que me deixaram arrepiado com um ângulo perfeito para uma montagem magnífica, como foi o momento em que o principal vilão salta do oceano para cima da plataforma onde acontece o último combate. Todo aquele momento e aquela luta são épicas e demonstram muito bem como se deve realizar qualquer clímax em filmes deste género.
Aquaman é divertido e oferece uma dose de entretenimento como só tinha visto com Mulher Maravilha nesta saga de filmes. Felizmente funcionou e apesar de não ser tudo bom, pois há muitos momentos que pouco vos vão ficar na memória, consegue ser um belo filme. Ainda referindo os seus problemas, este é um filme que vi apenas há dias e muitos dos momentos de diálogo e de história já nem me recordo, mas tudo o que envolve o combate e o conhecimento daquele momento estão e vão ficar na memória. É um filme que não tenta ser sério, mas demonstra um herói forte e principalmente usa a ridicularização como um fator a seu favor, tal como os comics mais recentes têm vindo a fazer. Não é um filme perfeito, está bem longe disso, mas consegue ser consistente o suficiente e pelo menos em relação à saga onde está inserido está seguramente entre os melhores.
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