Preview: A Assembleia das Mulheres


Adaptação de ZÉ NUNO FRAGA da peça homónima de ARISTÓFANES

Já está disponível mais um lançamento da Editora "A seita da BD", que tinha sido apresentado com grande sucesso durante a Amadora BD: A Assembleia das Mulheres, de Zé Nuno Fraga. Esta banda desenhada adapta de modo divertido mas mantendo o texto original uma das mais conhecidas comédias gregas clássicas, sobre feminismo, mulheres no poder, comunismo radical... e sexo livre?!
Um do mais originais e divertidos projectos de banda desenhada nacional dos últimos anos, A Assembleia das Mulheres é uma ambiciosa adaptação de uma peça de teatro grega clássica, Ecclesiazusae (Ἐκκλησιάζουσαι), de Aristófanes, uma das grandes comédias de todos os tempos e considerada como uma das fundadores do teatro moderno.

A Assembleia das Mulheres é uma das onze peças sobreviventes do prolífico autor de comédia antiga grega Aristófanes (447 a.C. - 385 a.C.), cujas obras tinham um impacto societal semelhante ao dos média de hoje em dia, tornando-o temido pelas principais figuras atenienses. Zé Nuno Fraga adapta a peça à banda desenhada, num estilo caricato e rico de expressões cómicas e cores intensas, mantendo também o sabor (e o lado divertido) do texto original.
Aristófanes usa a sua profunda sagacidade sobre a natureza humana para explorar as consequências de uma hipotética ditadura das mulheres, introduzindo a ideia de um verdadeiro comunismo, quer material, quer sexual, e permitindo ao autor ridicularizar a política ateniense do seu tempo. Os efeitos desta revolução são mostrados de forma cómica, através das discussões e querelas entre personagens que se opõem politicamente, enquanto o autor parece nunca tomar partido claro por uma das posições, criando assim uma peça de comentário político mordaz, imparcial e intelectualmente honesto, rara mesmo nos dias de hoje.

Zé Nuno Fraga (MCMLXXXIV, D.C.) cedo manifestou interesse pelo desenho. Passava as aulas a encher os cadernos de sarrabiscos em vez de prestar atenção, e, para desespero do professorado, isso foi-se mantendo quando estudava Engenharia, até que finalmente lá abandonou tudo, incluindo o país, e foi como refugiado artístico para a vizinha Galiza, onde estudou a arte de sarrabiscar. Após realizar algumas obras de BD com as quais percebeu que não tem jeito nenhum para guionista, decide que mais vale adaptar o que gente mais inteligente escreveu, levando por fim à sua primeira BD decente, a brilhante Ecclesiasuzae de Aristófanes.

Considerado o “Pai da Comédia”, Aristófanes foi também um fino crítico da sua Atenas natal e da sua vida política. As suas peças tinham um impacto imenso, suficiente para garantir que ele fosse acusado e processado por difamação e traição por mais de uma vez. Em Assembleia das Mulheres, critica elementos da democracia ateniense de modo subtil e inteligente, apresentando argumentos a favor e contra, sem nunca explicitamente tomar partido.

Cristiana Ramos
Escrito por:

Dividida entre o mundo da Ciência e o mundo Geek. Viciada em livros e viagens. Espectadora assídua no cinema, especialmente se aparecer um certo Deus com cabelos loiros. Adora filmes de terror. Louca por cães, mas eles são tão fofos! Romântica incurável (apesar de não admitir). Fã de Friends e Big Bang Theory.

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