O romance que inspirou o ímpeto revolucionário de Lénine

Na manhã de 11 de Julho de 1856, a funcionária de um dos maiores hotéis de São Petersburgo estava perplexa e mesmo preocupada.


Nunca publicado em Portugal, a Guerra e Paz edita agora o único romance de Nikolai Tchernichévski, O Que Fazer?, 154 anos depois de ter sido escrito na prisão, traduzido do russo por Angelo Segrillo e adaptado para português de Portugal por Ana Salgado. Está disponível a partir de 15 de Novembro.
Impedido de redigir ensaios filosóficos e literários, detido, Nikolai Tchernichévski pediu autorização ao governo para escrever um romance, como forma de passar o tempo. Ao fim de quatro meses, fazendo uso de truques e disfarces literários para passar incólume pela censura, o autor apresentou uma aparentemente inócua história sobre uma jovem que busca a felicidade e a libertação como mulher em experiências cooperativas. Sem que se previsse, inoculou um vírus de radicalismo pró-revolucionário em boa parte da intelectualidade russa.

O QUE FAZER? 
Nikolai Tchernichévski
15x23
440 páginas
25,90 €
Nas livrarias a 15 de Novembro 
Guerra e Paz Editores

SINOPSE 
O Que Fazer?, único romance de Tchernichévski, mudou o rumo da história. Se não tivesse sido escrito, talvez não tivesse havido a Revolução de Outubro, que mudou o século XX, ao criar a União Soviética. Leitura obrigatória para a juventude russa dos finais do século XIX, os seus ideais de amor e subversão levaram-na, décadas mais tarde, a derrubar a vetusta dinastia dos Romanov. Esta é a história de Vera, Lopukhov e Krisanov, três jovens, amigos e amantes, que juntos se dedicam à revolução e à utopia. Contra a tirania da moralidade e da sociedade da época, sulcam a punho o seu caminho: tornam-se livres. Rakhmetov, figura misteriosa, mas de eleição para Lénine, revela o caminho a seguir: o do revolucionário, «o rigorista», com características idênticas às de Rakhmetov cujo papel é instruir e iniciar o processo de mudança, e o de ser perfeito, consciente, física e psiquicamente, um quase super-homem. Subversivo, O Que Fazer? incendiou paixões revolucionárias. Finalmente, 155 anos depois, é agora editado pela primeira vez em Portugal, traduzido do russo. Leia-o e descubra em si a centelha da revolução.

SOBRE O AUTOR


Nikolai Gavrílovitch Tchernichévski. Democrata revolucionário russo, nasceu em 12 de Julho de 1828, no seio de uma modesta família de clérigos. Estudou até aos dez anos na Escola Primária Eclesiástica de Tambov. Em 1806, entra para o Seminário de Penza e adopta o toponímico Tchernichévski, em alusão a Tchernichevo, onde havia nascido, província de Penza. Em 1818, muda-se para Saratov e torna-se deão da diocese. Entre 1846 e 1850, estuda História e Filologia na Universidade de São Petersburgo. A partir de 1853, passa a ser crítico literário da revista Sovremennik [O Contemporâneo], na qual permaneceu até 1862, ano em que é preso, acusado de agitação política ao participar na elaboração de um panfleto. Abdicando da fé religiosa em favor do materialismo filosófico, foi um dos maiores expoentes da intelligentsia russa entre as décadas de 1850 e 1860.
Cristiana Ramos
Escrito por:

Dividida entre o mundo da Ciência e o mundo Geek. Viciada em livros e viagens. Espectadora assídua no cinema, especialmente se aparecer um certo Deus com cabelos loiros. Adora filmes de terror. Louca por cães, mas eles são tão fofos! Romântica incurável (apesar de não admitir). Fã de Friends e Big Bang Theory.

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