Crónicas de um Jogador

A Décima Arte

A Décima Arte

Escrever um artigo sobre jogos de vídeo é tão íntimo como escrever sobre um livro ou sobre um filme. A importância pelo qual se revelam na vida social é imensa, dando azo a questões conturbadas, como à discussão dos seus extensos benefícios. Cada título tem a sua história, a sua ideia e o seu próprio mundo, desde a sua concepção até à realização. Mágica é a sua génese e, quando a imaginação voa, permite a total imersão de quem o joga.

Eu ponho em cada jogo um bocadinho da minha história pessoal, tornando os, a cada um, importantes por aquilo que marcam, em cada fase da minha vida: em criança os jogos de plataformas e aventura (Alex Kidd, Super Mario, Pokémon), na adolescência os de estratégia, desporto e luta (Seven Kingdoms, Europa Universalis, Need for Speed, Dragon Ball Z), em adulto RPG e aventura (Uncharted, God of War, Assassin's Creed). É normal que assim seja, como também será normal lembrarmo-nos do porquê de comprarmos aquele título, como o jogamos e porque o jogamos. Em cada um, uma aventura diferente e também o seu significado, a que cada jogo nos fará transmitir determinado sentimento e divertimento. Assim como actores, numa bela epopeia, podemos ser deuses, heróis e vilões, estrategas e estadistas, num cenário pré-concebido ou pronto a ser modificado, pelo qual temos de lutar, ou sobre ele agir.

Só pelo sentimento pode-se compreender como algo que foi tão leviano no princípio, tenha presenteado dos maiores símbolos da cultura Pop conhecidos, (Super Mario, Sonic), eternizado outros, (Michael Jackson, Hulk Hogan, Mickey Mouse), e completando franchises (Harry Potter, Senhor dos Anéis). Como os bons livros, cujos clássicos são de leitura obrigatória para os seus maiores amantes, encontrar-se-ão nos jogos de vídeo semelhante comparação. Independentemente da evolução, a noção do que é o grafismo e imersão, não põe de parte a diversão. Podemos encontrar títulos na Master System ou na Nes tão ou mais desafiantes e divertidos como qualquer jogo de uma PlayStation 4 ou Nintendo Switch.

Temos de ter a curiosidade para descobrir novos jogos e títulos que saem pelas surpresas que eles contêm. Um dos jogos que mais me espantou foi o The Getaway quando era miúdo e o Killer is Dead, título muito mais recente. Não foram blockbusters, muito menos conhecidíssimos, mas com uma história excelente e ao dar-lhes uma oportunidade, tornaram-se para mim jogos de referência.

Lembro-me quando jogava Alex Kidd e como me metia impressão ele morrer, porque transformava-se em anjo e ia para o céu, e eu com os meus seis anos não suportava aquele tão negro desfecho, ou até as horas que perdi com o Super Monaco GP, a desafiar-me e a melhorar as minhas capacidades, para ser um grande piloto.

Aqui encontro a grande razão para escrever estes pequenos artigos com o fim de revelar o que sinto após ter jogado cada título e explicar o porquê de o ter. Não é um objetivo avaliar os jogos, mas sim transmitir o que as obras me fizeram sentir, e no que nelas encontrei ou me transformei.

Nesta aventura nos encontramos, como parte de uma epopeia, que com passos firmes e nervos de aço seguramos um comando e os seus botões, esperando enfrentar esse Adamastor e todos os desafios que pela frente nos esperam: Os Jogos de Vídeo!
Armando Mateus
Escrito por:

Gamer dedicado, leitor apaixonado e escritor nos tempos livres. Fascinado por um todo produzido pela sociedade: a Cultura, o símbolo dos velhos e dos novos tempos!

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