Assim que me sentei na cadeira do cinema pensei para mim mesmo, será que é desta que vou dar um dez a um filme? Pelo menos aqui no site isso nunca aconteceu, mas já houve alguns que estiveram mesmo próximos e depois de ouvir falar de algumas críticas que tanto elogiavam Bohemia Rhapsody pensei mesmo que iria ser este, mas ao longo do filme as coisas foram ficando menos interessantes. Calma, não comecem já a dar cabo de mim. Adoro Queen e a música que dá nome a este filme é uma das minhas favoritas praticamente desde que sei o que é música. Tão bem que me recordo durante os anos 90 tinha eu os meus 6 anos e aquela cassete, ou k7 se preferirem, branca com o nome Queen no topo se fazia ouvir na aparelhagem lá de casa. Outros tempos e na altura mal sabia eu o que era esta banda ou o quão grande ela era, sendo que para mim era uma dose de grande música que se ouvia, tal como outras bandas clássicas. E agora que já vos expliquei o quão nostálgico é para mim esta banda deixem-me continuar com o filme.
Esta é uma biopic que explora o crescimento da banda desde os seus primórdios dando especial destaque ao percurso de Freddie Mercury, vocalista principal da banda, que acabou por falecer em 1991. Mas Bohemia Rhapsody é algo mais que uma forma de contar esta história pegando nos momentos mais marcantes e importantes e moldando tudo para que encaixasse bem no cinema. Muita coisa está diferente daquilo que realmente aconteceu, mas no fundo a essência está por lá e a ideia da equipa era realmente construir um caminho até ao famoso concerto do Live Aid, onde os Queen apresentaram talvez a maior performance de todos os tempos em apenas 20 minutos. Momentos da vida de Mercury que aconteceram em anos diferentes ou até com meses de distância passam aqui em dias ou até no mesmo dia. Por vezes fica até estranho, principalmente o momento final quando está prestes a ir para o concerto onde nesse dia parece tudo acontecer para restabelecer a vida do protagonista, algo que na realidade foi bem, bem diferente. Foi uma forma diferente de contar a história que acabou por nem sempre resultar, mas que é suficiente para criar momentos para o final do filme.
Mas antes de vos escrever sobre o aspeto mais importante quero referir um dos pontos menos interessantes deste filme. Apesar de um trabalho incrível da equipa técnica em várias áreas, acho que a realização não se destaca em forma alguma. É uma montagem demasiado simples, não criando momentos que realmente nos façam arregalar os olhos ou que nos despertem especial atenção. Tudo isso é de certa forma suportado pelo incrível trabalho de guarda roupa e principalmente de caracterização. Este último em conjunto com o brilhante trabalho dos nomes que compõe este elenco... Sem palavras. Rami Malek incorporou de uma maneira Freddie que se torna até confuso estar a olhar para ele. A caracterização fez um trabalho brilhante, quer com ele quer com os restantes membros da banda. Várias vezes dei por mim a comentar com a Cris que o Brian estava tão, mas tão semelhante que até me está a a fazer confusão. Pelo bom sentido, claro. Tudo estava muito bem trabalhado nesta parte, mas tenho de voltar a Malek. UAU. O ator encarnou tudo, é como ver uma cópia de Mercury, quer nos seus movimentos, quer na sua fala. Fantástico. Para mim o melhor que este filme apresenta. Não tirando mérito claro às representações de Ben Hardy, de Joseph Mazzelo que é um perfeito Deacon e claro de Gwilym Lee que estava extremamente transformado e incrível. Entre os restantes membros do elenco onde destaco também a presença de Mike Myers, que nem me apercebi na altura que era esta lenda do cinema.
Mas aquilo que verdadeiramente importa e que me fez arrepiar do princípio ao fim foram todos os momentos em que a música começava. E o mais incrível é terem encontrado alguém com o timbre de voz tão semelhante ao de Freddie Mercury, que em vários momentos do filme criam momentos que não seriam possíveis de outra forma, enquanto os restantes como concertos pegam em gravações antigas. Um trabalho de montagem de som exímio para tornar tudo mais real. Talvez o mais incrível no que toca a banda sonora e aos momentos onde esta entra em ação foi o trabalho de recriar muitos dos concertos, principalmente a recriação do Live Aid, que está simplesmente linda. Tal como ouvi o Markl a falar hoje de manhã enquanto estava parado no trânsito em todos os momentos de música, principalmente o do ato final dá vontade de saltar, bater palmas e cantar, ou pelo menos bater o pé e murmurar todas as músicas para não incomodar ninguém. Já vos disse que adoro as músicas dos Queen? Acho que já deu para entender.
Um filme bem composto, que mostra bem o percurso da banda e nota-se pela forma como quiseram desenvolver a história e a forma como terminaram que a ideia é esta biopic ser ao final das contas sobre a banda. Tudo no enredo leva a crer isso, dando sempre ênfase à vida de Freddie. Isto acontece também devido aos membros da banda estarem diretamente envolvidos no projeto de forma a que se percebesse a importância de cada membro dos Queen. Foi uma forma de contar a história que nem sempre funcionou da melhor maneira e que contada com outra banda funcionária igual. Nem sempre consegue fazer jus aos acontecimentos, mas ganha pelas brilhantes representações e pela caracterização perfeita. Os grandes clássicos da banda estão por lá e acreditem que vos vai arrepiar. Por isso se são fãs da banda, acho que realmente vale a pena ver, apesar das várias mudanças que levou em relação ao que aconteceu realmente. É um drama convincente, com um toque biográfico e que vos vai fazer pelo menos bater o pé quase de 5 em 5 minutos.
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