Crónicas de um Jogador

Castlevania: Lords of Shadow

Playstation 3

Castlevania: Lords of Shadow


Lembra-me que era um dia ameno, quando o Toninho Pierre Françoise, (Monsieur Tony para os caríssimos leitores), usou de toda uma argúcia argumentativa para me moer a cabeça! Em brados lautos aquela augusta figura dizia: "joga aquilo"; "é um jogão"; "aqueles gráficos!", "a história...". Eu sou uma pessoa muito teimosa mas oiço os meus amigos e lá comprei o jogo. Sei que o tenho de admitir... Que jogão!

Vou aqui confessar-me, foi o primeiro Castlevania que completei até ao fim. Já tinha um belíssimo jogo para o GameBoy pertencente à série, mas... a teimosice e o que tinha visto em outros títulos... nunca me levaram a jogar. Aparece aquele que é para mim um jogo revelação, uma obra-prima da PlayStation 3!

Como todos os enredos pertencentes a esta saga de renome, a história envolve um membro da família Belmont, Gabriel Belmont. O mundo em que o enredo se desenrola é requintado, com traços medievais, envolto em mistério e escuridão. O avanço das trevas sobre a Humanidade faz com que as pessoas duvidem da existência divina, e da ligação entre os Céus e a Terra. Como membro da Ordem da Luz (Brotherhood of Light), Gabriel é enviado numa cruzada de descoberta do Graal, do conhecimento que unirá de novo o Céu e a Terra, afastando as trevas do mundo. No entanto o seu mundo está toldado pelo amor na mulher que perdera, Marie, que o faz tomar esta cruzada como pessoal. O duplo sentido da demanda torna-se um mistério, o assassínio da sua companheira é a chave da salvação do mundo, por sinais e sonhos tidos por Gabriel e do conhecimento da Ordem! A complexidade do mundo envolvente embrenha-se na complexidade das decisões e situações que Gabriel enfrenta: até que ponto a sanidade do homem se mantém perante as dificuldades que o seu destino reserva?

O mundo é extremamente bem desenhado, jogando-se na terceira pessoa. O controlo da personagem enquanto exploração do espaço é puramente cinemática, o que nos permite apreciar a incansável beleza na concepção de cada cenário. À medida que a história se desenvolve nota-se a mestria no desenvolvimento de cidades em ruínas, terrenos desolados, florestas de um verde invulgar, castelos e casas misteriosas.

Batemo-nos com inimigos invulgares na forma como se apresentam: lobisomens (lycans), goblins, vampiros, ghouls, esqueletos e titãns. Cada inimigo é bem idealizado, de dificuldade justa, de caracterização altamente pormenorizada, comportamento intimidador e aterrador.

As nossas armas têm um peso simbólico enorme, pois o nosso armamento é uma espécie de chicote em ferro, que se reserva numa base em crucifixo, água benta, facas e magia branca e negra.

As batalhas são intensas, sentimos o peso das nossas acções porque a história e o ambiente estão criados para tal. O acto é justificado pois, é a luta de um homem dentro da batalha maior, a luta do Bem contra o Mal. O divertimento está a par com a imersão num mundo pesado, adulto e violento psicologicamente. Sentimos em cada batalha o peso dos nossos golpes, pelo que representam e, à medida que embrenhamos na escuridão para bem da Humanidade, a história consegue abalar certezas e emergem dúvidas.

A beleza de tornar o complexo em simples faz que este título seja mais que um jogo para mim. É de uma perfeição invulgar, as músicas são memoráveis, a ideia do épico de mãos dadas ao fantástico e mitológico. São raros os jogos que conseguem uma sensação de imersão como esta! Tonicha, tinhas razão!

Castlevania: Lords of Shadow
Jogado em: Playstation 3
Desenvolvido por:
Distribuido por:
Género(s):
Armando Mateus
Escrito por:

Gamer dedicado, leitor apaixonado e escritor nos tempos livres. Fascinado por um todo produzido pela sociedade: a Cultura, o símbolo dos velhos e dos novos tempos!

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