Acabei de Acabar

Detroit Become Human

Playstation 4

Detroit Become Human


Quem me conhece bem sabe quais são os meus tipos de videojogos preferidos. Um dia estava em casa do Tony (aka Tone) quando ele me apresentou o demo de Detroit Become Human, dizendo que era um jogo dos mesmos produtores de Heavy Rain. Como fã deste último jogo mencionado, fui experimentar o demo. Fiquei logo fascinada e agarrada ao jogo com apenas aquele capítulo. Como adoro finais felizes e para tristezas já basta a vida real, sou apologista de criar sempre o melhor final, e de preferência um final feliz para as personagens do jogo, especialmente as minhas preferidas. Por tanto, tive que jogar o demo umas 5 vezes até obter o final pretendido. E cheguei à conclusão com apenas este capítulo que Detroit Become Human era um jogo muito mais complexo e com mais hipóteses e caminhos do que Heavy Rain.  

A narrativa passa-se em Detroit, 20 anos no futuro, onde a cidade foi revitalizada pela indústria de construção de robôs. Durante o jogo, somos apresentados a três androides diferentes que vamos controlar ao longo do jogo, em que somos expostos à luta individual de cada um mas que no final estão interligadas. Temos Connor, um androide detetive com um software altamente avançado, encarregado de investigar os outros robôs conhecidos como divergentes, que são os androides que rejeitam a sua programação em favor da sua “humanidade” e “independência”. Kara é uma androide doméstica que cuida de Alice, uma menina que vive num lar destruído e violento. E finalmente, temos Markus, um divergente que lentamente se torna o líder da revolução dos androides. O tema principal do jogo é o tratamento que os androides recebem da humanidade, sendo uma das partes mais fortes e interessantes do jogo. Para nós, humanos, os robôs não pensam, não têm alma nem têm sentimentos, certo? São máquinas. Mas e se tudo mudasse? E se eles tivessem a capacidade de se tornarem “humanos”? A inteligência artificial tem andado nas bocas do mundo nos últimos tempos e é algo real. Como iniciante a investigadora e cientista, eu penso que não é algo assim tão impossível de acontecer. Estudamos o cérebro à centenas de anos e até agora não sabemos quase nada do seu funcionamento, havendo ainda tantos factos para ser descobertos. O nosso cérebro não passa de estímulos elétricos muitos complexos, por isso, porque não? 


Mas abstraindo esta temática tão interessante e que é muito falada nesta narrativa, voltamos ao jogo em si. Quanto às personagens do jogo, é incrível como a minha preferida não é nenhuma das três personagens! Foi Hank, um tenente humano e rabugento, que irá trabalhar ao lado de Connor para investigarem o caso dos androides divergentes. Foi esta relação que mais cativou, apresentando uma dinâmica genuína. A forma como o tenente passa do sentimento de desprezo por Connor até chegar a tratá-lo como um parceiro ou até um amigo foi algo que me cativou. Cheguei a dizer várias vezes durante o jogo que a personagem que queria salvar acima de tudo era o Hank e consegui!

Para quem jogou Heavy Rain e/ou Beyond: Two Souls, a Quantic Dream continua aqui a usar o seu estilo de jogo clássico. Há dois tipos de dificuldades diferentes, uma para jogadores mais experientes e outra opção para iniciantes. Há o uso de gestos simples para controlar ações bastante mundanas, várias opções de diálogo e ações que vão mudar o caminho da narrativa e dando uma sensação de que estamos a construir a nossa própria história. Quanto às ações durante os diálogos, tenho que dizer que muitas vezes as opções de escolha eram confusas, fazendo-me escolher ações que eu pensava que iam resultar num caminho e acontecia exatamente o contrário. Como joguei a versão legendada em Português não posso afirmar se é problema do jogo ou da tradução.

Um novo recurso apresentado é o fluxograma no final de cada capítulo, que mostra todas as ações possíveis e significativas que se pode realizar em cada capítulo. O número de ramificações que se pode encontrar nas seções é impressionante, com vários inícios e finais, mostrando a complexidade e a quantidade de caminhos diferentes que podem ser seguidos. Quando estava a jogar o Eduardo disse-me que Detroit: Become Human, ao contrário do que acontecia com Heavy Rain, era para se jogar mais que uma vez por causa da quantidade de caminhos que podemos seguir. Agora nos próximos tempos não irá acontecer, mas daqui a uns meses acredito que voltarei a jogar e que irei seguir uma abordagem completamente diferente! Talvez desta vez vá pelo caminho mais malvado.


Existem muitos jogadores que não gostam deste tipo de jogos, por exemplo, o nosso amigo Armando é um deles. E vocês podem dizer “Jogadores mais experientes não vão gostar porque o jogo é demasiado simples”! Mas estão enganados! Tanto o Eduardo como o Tony são jogadores de vários tipos de videojogos e de várias plataformas e eles adoram os jogos da Quantic Dream. Tem haver muito com os gostos pessoais de cada um, mas vale sempre a pena dar a hipótese!

O jogo está lindo, apresentando cenas de ficar boquiaberto na paisagem urbana futurista, à medida que somos apresentados à paisagem com chuva, neve e neblina. Os modelos das personagens são igualmente impressionantes, proporcionando uma sensação de emoção foto-realista fantástica. Sentimo-nos que somos um escritor de uma história ou o realizador de um filme.
Detroit Become Human é uma maravilha tecnológica com ótimas interpretações e uma narrativa bem construída. Kara, Connor e Markus recebem tempo de tela suficiente para se construírem como personagens individuais e para se juntarem numa história coletiva. É uma experiência ousada e realizada. Muitas vezes é mais um romance visual do que um “videojogo”, mas os seus temas, reviravoltas e os arcos das personagens em constante evolução são algo que vamos recordar.
Cristiana Ramos
Escrito por:

Dividida entre o mundo da Ciência e o mundo Geek. Viciada em livros e viagens. Espectadora assídua no cinema, especialmente se aparecer um certo Deus com cabelos loiros. Adora filmes de terror. Louca por cães, mas eles são tão fofos! Romântica incurável (apesar de não admitir). Fã de Friends e Big Bang Theory.

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