Crónicas de um Jogador

Harry Potter: Quidditch World Cup

Playstation 2

Harry Potter: Quidditch World Cup


O Natal chegou com todo o seu fulgor. É o tempo em que se festeja o nascimento do menino Jesus, o tempo de se ver filmes em família, de jogar e conviver em volta de uma lareira, com um belo cobertor e a ler as crónicas do nosso Café. Esta época é especial pois parece que tudo acontece, e não falo das prendas, mas sim das tradições. As tradições da televisão pública, durante muito tempo o principal meio de divulgação da cultura Pop,  passam aqueles filmes que consideramos clássicos nesta quadra: Sozinho em Casa, Rocky, filmes animados infantis, o Senhor dos Anéis, Star Wars, e, finalmente, Harry Potter. Lembram-se como é que surgiu esta febre pela feitiçaria e pela vida deste rapaz estranho com uma cicatriz?

Já passaram quinze anos mas eu lembro-me como se fosse ontem. A loucura pelos livros era tal que faziam-se filas nas livrarias para  se obter o volume mais recente, os filmes que estreavam eram campeões de bilheteira, e o mundo imersivo de Harry Potter atingiu tudo e todos, inclusivé o mundo dos jogos de vídeo.

Eu não fui excepção, e este foi dos poucos jogos que recebi no Natal. Todo contente e já com alguns títulos deste aprendiz de feiticeiro, ia a passear pelo centro comercial quando a minha mãe fez a pergunta mágica: "O que tu queres para o Natal?". Como um bom menino, educado e desinteressado disse que queria este jogo em concreto, e ela pegou nele, comprou-mo... e escondeu-mo! Da surpresa à desilusão tira-se o brinquedo a uma criança de treze anos? A ansiedade e os danos psicológicos causados, nem sei que poções ou feitiços me fizeram recuperar de tal choque!

Natal chega, e ela dirige-se ao móvel da sala. O móvel imponente, daquele cor mogno e a cheirar a limpo das lides que se fazem nestas épocas, escondia o título por detrás de uma prateleira cheia da quinquilharia mais fina da família. Após o ter na mão foi diversão sem limites!

Introdução: "EA Games... Challenge everything!" e logo depois um título épico de Verdi, Requiem - Deer Irae, com uma introdução digna de Dumbledore, com a magia de equipar luvas, caneleiras e joelheiras, com os heróis de sempre, Harry Potter, Draco Malfoy e... Viktor Krum!

Quidditch é um jogo de equipa bastante famoso entre as pessoas de chapéu em bico, que poderá tornar-se bastante violento. São equipas mistas, onde os jogadores montam as suas vassouras e jogam com três tipos de bolas: a Quaffle (bola de jogo para marcar pontos); as Bludgers (bolas endiabradas cujo objectivo é partir cabeças e queixos a feiticeiros, derrubando-os do jogo); e a Snitch (bola mágica, em ouro, dificílima de apanhar mas que dá a vitória em jogo pela quantidade de pontos que ela vale). Cada equipa tem feiticeiros dedicados a cada uma destas bolas: Chasers e Keepers para a Quaffle; Beaters para as Bludgers (duas em jogo); e o Seeker para a Snitch.

O jogo é uma simulação desportiva deste jogo de vassouras. Tem uma dificuldade gradual, começando com as equipas de Hogwarts, (Gryffindor, Slytherin, Ravenclaw e Hufflepuff), e depois desbloqueiam-se as equipas da Taça do Mundo, que são várias! Apesar de não contarmos com Portugal, as equipas existentes são: Alemanha, França, EUA, Japão Inglaterra, Espanha, Países Nórdicos e Austrália! Cada um destes países apresenta-se com cores e apetrechos que nos são típicos do país de origem, quer nos equipamento quer nos estádios. É muito engraçado jogar no estádio francês, com aquele estilo oitocentista, sobre jardins que nos fazem lembrar os do Eliseu; na Bulgária, sobre um campo lúgubre e cinzento, parecendo saído  do castelo do Drácula; o estádio americano, com abóboras de Halloween flutuantes e aquelas bandeiras redondas que comummente se utilizam nas campanhas políticas presidenciais...

O jogo é simplista, mas com algumas manhas. Jogamos na terceira pessoa e toda a acção do jogo desenrola-se dessa forma. Com os pontos que marcamos e a outra equipa marca, faz com que se fique mais perto de aparecer a Snitch, acabando o jogo quando ela aparecer e uma equipa a apanhar. Conforme a vassoura que escolhamos, (Cometa 260, Nimbus 2000, Nimbus 2001, Flecha de Fogo), a dificuldade aumenta, como também aumenta a probabilidade de levar com as Bludgers na tola. Consoante os pontos que marcamos e as jogadas que façamos, podemos lançar a Bludger sobre feiticeiros com a mania que sabem jogar, fazer um Surripianço de Sabryn nobre algum Chaser distraído, ou até uns remates indefensáveis como a Fisgada de Finbourgh, paralisando na vassoura qualquer Keeper. As jogadas especiais de equipa são brutais! Umas mais divertidas e outras mais violentas, supondo o que é mais típico de cada equipa ou país, com algumas referências aos desportos chatos dos Muggles. As cutscenes pelo meio, após um ponto ou jogada especial são excelentes, a forma como os jogadores se mostram, pelo beijo que dão à Snitch quando a apanham, ou se reviram na vassoura, é lindo!

Quando voltei a jogar este título para escrever esta crónica, subestimei muito a simplicidade aparente da jogabilidade com que o jogo nos envolve. Eu dava malhas a todas as equipas e como sou pimpão em certos jogos, escolhi logo a Flecha de Fogo. A minha equipa de Hogwarts favorita, Slytherin, foi a vítima num clássico contra Gryffindor! Que malhuço levei... mas à segunda até o Harry chorou! Os gráficos, os estádios, as jogadas, os combos, tudo é muito bom neste jogo. É divertidíssimo e quebra o gelo quanto a outros jogos do género desportivo. É um bom título que a mim faz-me lembrar esta bela quadra, giríssimo para se jogar em família pois irá arrancar várias gargalhadas, numa rivalidade em tudo aparente!
Armando Mateus
Escrito por:

Gamer dedicado, leitor apaixonado e escritor nos tempos livres. Fascinado por um todo produzido pela sociedade: a Cultura, o símbolo dos velhos e dos novos tempos!

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