Legendary: O jogo de cartas da Marvel



Legendary é um jogo de construção de baralhos publicado pela Upper Deck e criado por Devin Low. Há uma série versões diferentes, cada uma baseada numa propriedade intelectual diferente, desde a saga de filmes Alien à série Firefly, mas é sobre a do universo de banda desenhada da Marvel que vos irei falar neste artigo. Essa tem várias expansões, mas o foco será sobre o jogo base.

Ao contrário de outros jogos de cartas como Pokémon, Yu-Gi-Oh ou Magic: The Gathering, Legendary não tem uma forte componente de colecção. É possível colecionar as expansões em si e talvez algumas cartas promocionais com arte alternativa, mas não existem diferentes raridades entre as cartas que tornem o dinheiro real num factor decisivo na competição entre os jogadores. Entrando em detalhes, Legendary: A Marvel Deck Building Game (título original) coloca entre um e cinco jogadores no lugar de "bons da fita", com o objectivo de impedir um dos famosos vilões da Marvel (Loki, Magneto, Dr. Doom ou Red Skull) de concretizar o seu plano maléfico.

Para isso, os jogadores começam com baralhos iguais, cada um composto apenas por cartas básicas de agentes genéricos da S.H.I.E.L.D. e, ao longo dos turnos, vão recrutando heróis mais poderosos e com efeitos mais complexos como o Capitão América, o Wolverine ou o Homem-Aranha, de uma lista de quinze heróis diferentes. No entanto, enquanto fazem isto, os jogadores também têm que lidar com outras ameaças mais pequenas, sobreviver aos ataques do "vilão-mestre", manobrar pelas consequências dos avanços do seu plano e ainda tentar salvar algum cidadão azarento que seja feito refém.



O grau de complexidade não é extraordinário e talvez a indicação de "para maiores de 14 anos" talvez seja um pouco exagerada. Os turnos e as regras são mais simples que os de Magic, mas, por vezes, as descrições das cartas não são tão claras. Nesses casos, o livro de regras e a enorme comunidade que existe em torno do jogo conseguem tirar todas as dúvidas.

Um jogo com quatro participantes leva cerca de 40 minutos e, ao fim desse tempo, a maioria dos jogadores já se deve sentir confortável com as regras.

Para derrotar o vilão, os jogadores podem unir e coordenar esforços, pelo que o jogo incentiva a cooperação. Porém, os jogadores podem contar as pontuações individuais no final e, nesse caso, haverá apenas um vencedor, pelo que também há competição.

No início de cada sessão, os jogadores escolhem (a dedo ou aleatoriamente) cinco heróis e um vilão, bem como o esquema do vilão e os seus capangas. Todos estes elementos acrescentam ao valor de rejogabilidade, mas em destaque especial estão os heróis, cada um a incentivar um estilo de jogo diferente, e os esquemas do vilão, que acrescentam regras e definem condições de vitória e/ou derrota. Cada um dos oito esquemas possíveis pode tornar o jogo numa corrida contra o relógio como num jogo de decepção.

Ainda assim, jogadores àvidos poderão achá-lo um pouco repetitivo e os fãs da Marvel facilmente sentirão falta de algo mais. Para isso, Legendary, inicialmente publicado em 2012, conta já com mais de 10 expansões. Estas incluem novos heróis, novos vilões, novos esquemas e novas mecânicas. Há pequenas expansões, que acrescentam um novo "sabor" ao jogo, e há grandes expansões, que têm conteúdo equiparável ao jogo original e que acrescentam à complexidade das estratégias.



Apesar de suportar até 5 jogadores, o tempo de espera entre turnos pode ser tornar o jogo aborrecido, pelo que 3 ou 4 jogadores poderá ser ideal. Por outro lado, um dos pontos fortes que encontrei é o facto de poder ser jogado a solo, algo que não é muito comum. Pessoalmente, acho-o um jogo divertido para quem for fã da Marvel e uma excelente entrada nos jogos de construção de baralhos. No entanto, assim que se começar a ganhar o jeito ao género, outros jogos poderão ser mais desafiantes.
Pedro Cruz
Escrito por:

"Spawned" em Aveiro no fim do início da década de 90, apreciador de amostras de imaginação e criatividade, artesão de coisas, mestre da fina e ancestral arte da procrastinação e... por hoje já chega. Acabo isto amanhã...

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