"You shall not pass!", esta exclamação de Gandalf, logo na Irmandade do Anel assombrou todas as gerações que viveram a grande época cinematográfica do Senhor dos Anéis. A Grande Obra literária de Tolkien é eterna, e todo o mundo imaginário que ele acreditava ser real é tremendo! Fez-nos sonhar e tornaram-se clássicos os filmes durante toda a quadra natalícia. Porém o Mundo é tremendo, desde a Primeira à Segunda Época, do Sillmarillion ao Regresso do Rei, o conjunto de personagens e da trama é tremenda, como os vários jogos que saíram. Desde jogos de estratégia aos jogos baseados nos filmes, nenhum deles me chamou em especial. Acho que era pelos jogos em si não serem tão imersivos como esperava, ou por não me impressionarem muito, mas quando o Shadow of Mordor saiu... Ai minha Nossa Senhora me Valha e Acuda!
Eu não tinha PlayStation 4 e já eu o desejava ardentemente como se fosse o sonho da minha vida. Tudo o que nele era apresentado era lindíssimo, só me faltando comprovar que tal era verdade! Para prelúdio, o jogo é de Aventura, classificado como RPG, devido aos elementos de evolução presentes! Joga-se na terceira pessoa e encarnamos o mundo encantado da violência gratuita contra Orcs e Uruks, tão violento como podem imaginar no universo de Tolkien! Com uma introdução cinematográfica lindíssima, estamos no início do renascer da maldade de Sauron, onde dois mil e quinhentos anos volvidos, este recupera a sua força, que tanto os Rangers de Gondor guardaram. Talion, a nossa personagem, capitão dos Rangers responsáveis pela guarda da muralha, vê a sua família sacrificada num estranho rito sacrificial, cujo objectivo é chamar um Lorde Elfo! Vêmo-nos envolvidos num mundo cinzento, com uma imagem de um ser alto e esguiu, com cabelos longos e armadura trabalhada, do mais fino metal, com um rosto cadavérico. Encontramo-nos no mundo dos Wraith, "... entre a Luz e Escuridão...", descobrindo que foi a Mão Negra de Sauron que perpetrou tal vil sacrificio, impedindo-nos de morrer e juntar-nos à nossa família. O Elfo quer recuperar a memória, e Talion quer poder descansar em Paz. A Mão Negra é o nosso objectivo.
Num mundo onde Talion é uma personagem inventada, não fazendo parte do Universo do Anel, todas as outras são bem reais, inclusivé o Lorde Elfo que não vos vou dizer quem é! Toda a acção se passa após a derrota de Sauron e os acontecimentos da Irmandade do Anel, e é estupidamente perfeito e interessante!
Caracterizando o ambiente de Mordor, é sombrio, sujo, cinzento, impestado de seres perigosos e disformes, de uma complexidade inimaginável. Fiel ao que é descrito nos livros e demonstrado no cinema, os pormenores vão ao mais ínfimo detalhe! O adejar da capa de Talion ao vento, as bainhas e punhos das espadas, os detalhes das fivelas, setas, bestas, arcos, da iluminação e das condições atmosféricas no jogo, tornam-no extremamente rico! A banda sonora torna o jogo épico, muito difícil de igualar em muitos títulos que nos foram apresentados.
Como jogo, Shadow of Mordor dá-nos uma liberdade tremenda na escolha do percurso que queremos seguir, apesar da mão invisível estar sempre presente. Logo desde o início temos hipótese de seguir as missões da história, ou missões em que nos intrometemos na luta de poder dos Uruks, conseguindo assim novas habilidades ou, missões alternativas para desbloquear coleccionáveis e melhorar armas. As armas que usamos são a Urfael (Espada), Azkar (Arco) e Acharn (Punhal), cuja cada uma pode ser modificada com runas, ganhas a derrotar capitães Uruk. Como ataques especiais temos a ajuda do nosso Wraith, o Lorde Elfo, onde poderemos influenciar ou modificar a mente dos capitães Uruk e influência-los a nosso favor, ganhar informações, ou utilizá-las em batalha, com fortes explosões, desdobramentos, teletransporte, tudo o que possam imaginar!
As batalhas em si são extremanete violentas e gráficas. Entre hurros e gritos de dor, vemos cabeças decepadas pelo ar, entranhas pelo chão com apunhalamentos erráticos, envolvidos num mosto negro que penso que seja o sangue das vis criaturas. Algumas fogem a gritar como as rapariguinhas mais sensíveis, outras enrigecem e enfretam a sua morte certa no gume afiado da Urfael. Não tenham ideias que o jogo é assim tão fácil, não somos o Rambo das Facas nem das Navalhas! Saber lutar é tão importante como pensar estratégicamente. Se formos envolvidos numa luta, rápidamente outros Uruks podem entrar na luta, e um Ranger contra trinta ou quarenta Uruks, uns de combate corpo a corpo e outros de combate à distância, com uns três fedorentos capitães à mistura, leva ao resultado inevitável do Limbo, morte e renascimento!
A sociedade Uruk e Orc é extremamente complexa. Ao longo da história e até do "jogo jogado", reparamos que não são tão estúpidos como parecem. A sua humanização, com ambições e receios, conhecendo uma estrutura de poder mas, podendo trair-se uns aos outros e escolher o partido do Uruk que defendem, tem uma beleza própria. Cada Uruk é um Uruk, e isso nota-se especialmente quando somos derrotados em combate. Aquele que nos vence é imediatamente promovido, as lutas de poder acontecem internamente, onde a ascenção ou declinio depende não só da nossa influência mas também da sua capacidade. Nas cutscenes é demonstrado o ódio que têm por Talion, especialmente aqueles que já nos derrotaram, pois irão dizê-lo quando se voltarem a encontrar connosco! É preciso ter cuidado para não sermos derrotados, somos muito penalizados pois os capitães também evoluem em força e capacidades com o passar do tempo!
Na altura que escrevo esta crónica fez algo que só os grandes jogos fazem a uma pessoa, a vontade de o voltar a passar todo de novo! Tive de o voltar a jogar, mas com um todo conhecimento e experiência que mo estão a fazer passar muito mais rápidamente. De novo a melhor estratégia será a de Stealth, abordar cada terreno e situação estratégicamente e evoluir a nossa personagem o melhor possível.
Como jogo de quadra natalícia, é um quebra corrente de toda uma época de paz e prosperidade, pois aqui temos muita cacetada, choro, baba e ranho. Por favor não o joguem ao pé das crianças, a não ser que queiram criar um pequeno vândalo, com um gosto peculiar por diferentes tipos de facas e espadas, e um sentido de justiça e combate ao mal estranho daquele que estamos habituados!
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