Crónicas de um Jogador

Seven Kingdoms: Ancient Adversaries

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Seven Kingdoms: Ancient Adversaries

Falar deste jogo ser-me-á quase como lembrar uma das músicas de um dos nossos maiores artistas, José Cid! Há muito muito tempo era eu uma criança, numa excursão de autocarro a sorrir. Parei numa estação de serviço, vi uma MegaScore com um jogo, depressa comprei e pus-me a divertir. Vinte anos mais tarde estou a escrever não muito por acaso, sobre as recordações que tive de ti, já não te tenho em CD, mas tenho-te no meu coração! (Agora todos juntos) Vem, viver a vida amor, que o tempo que passou, não volta não, Lá Láaaa, La Lá La Lá La Laaaa....

Falar de Seven Kingdoms é falar de um dos melhores jogos de estratégia que joguei em toda a minha vida. Sou sincero para convosco, se não me engano este jogo é de 1997, e sendo esse o caso nem sei como poderá correr em alguns computadores ou como o poderão adquirir. É com nostalgia que me lembro do CD, com o título em letras douradas e o Thor representado na capa. Eram os tempos do Windows 98, Pentium II e dois Gigas de memória interna! (Eu sei que parece mentira e assim se vê que afinal estou um bocadinho velhote!)

O jogo é o sonho de Thomas Hobbes, derrotar todos os povos, conquistá-los, ou através da sua compra (nunca consegui), ou quando se rendem (deveras mais fácil). As facções é por povo, tendo para escolher chineses, samurais, gregos, persas, normandos, mongóis, egípcios, vikings, zulus e os maias! Cada um tem as suas especificidades: como são povos diferentes cada um tem os seus deuses; os nossos combatentes e trabalhadores, ao atingir certo nível de experiência, podem ter certas habilidades especiais; através da conquista de outra facção ou vilas independentes, podemos ter acesso às habilidades dos outros; e até usam a língua natural de cada povo, que ouvimos quando seleccionamos uma personagem.

O jogo é de Real Time Strategy (tempo real e corrido! turnos só para os jogos de tabuleiro!). Controlamos absolutamente tudo, e quando digo tudo é porque seleccionamos para que edifício é que o dromedário vai para fazer comércio, controlamos migrações entre vilas, eliminamos espiões e comandamos espiões, colectamos os impostos, absolutamente tudo!

Mais do que nações ou países com fronteiras absolutamente definidas, estamos a falar de um jogo de estratégia baseado em edifícios. Estes são a base da evolução como também do controlo das finanças, da alimentação e da reputação. Quanto a mapas podemos escolher só continente, ou continente com algumas lagoas, ou um mapa onde é proeminente em mar e ilhas! O jogo não tem campanha, tem cenários e multiplayer!

O que torna este jogo tão especial? A profundidade que dá a toda a estratégia de conquista, apesar da simplicidade aparente que apresenta! A espionagem é fundamental, podemos subornar comandantes, assassinar outros, deter um forte ou roubar planos científicos para máquinas de guerra! Em termos económicos vou dar primazia ao comércio! A produção e a indústria depende das matérias-primas que encontremos (Raw Materials), que podem ser comercializados como matérias-primas ou já trabalhados, com a questão de serem finitos! Mediante as opções que tomemos podem não existir no mapa suficientes matérias-primas, aumentando fossos de poder e exacerbando tensões! Pelo conjunto dos factores de riqueza, poder militar, espionagem, população, e diplomacia, somos encarados pelos outros em termos de prestígio, que tem vantagens como exércitos desertarem para o nosso lado. Vai ao ponto de existirem revoltas com o excesso de impostos, de assimilarem a ideia do desemprego natural para a manutenção estável da produção de alimentos, na influência exercida pelos povos em vilas independentes para serem da nossa facção, através do comércio, subornos e trabalho, ou até uma taberna (Inn) onde poderemos contratar certos elementos experientes na função que melhor nos aprover!

Para além das facções humanas temos facções controladas só pelo computador de monstros (Frihtans)! São seres poderosíssimos, que convém só derrotar quando estivermos mais fortes, ou rezar para eles não nos atacarem logo no início. A recompensa de os derrotarmos é muito saborosa pois é através da vitória sobre o seu lar e combatentes que obtemos os Scrools of Power, (para construirmos o templo para termos o nosso deus), e conseguirmos um tesouro que é um belo boost para futuras actividades.

Muitas horas passadas e acabei por apanhar alguns vícios! Lembro-me perfeitamente que logo no início todas as facções quererem um acordo comercial e alguns tratados de amizade, agora alianças está quieto ou mal. Quanto mais depressa tivermos máquinas de guerra melhor, essas não desertam e treinam-se (são máquinas!). Ilhas é o ideal, uma vila, um forte com o rei, uma indústria de máquinas de guerra e um porto, é vitória garantida! Se se revoltarem na ilha levam no cepo, podemos taxar à vontadinha porque ninguém reclama, não sei porquê mas a inteligência artificial dos inimigos do jogo está sempre a expandir-se, e muitas vezes implodem ao fim de algum tempo, pois torna-se muito difícil aguentar equilíbrios em espaços tão grandes. Por fim, nunca entendi por não me invadirem pelo mar.

Este é um jogo de culto que quem experimenta fica agarrado, e no final um fã incondicional. Friso que passaram vinte anos e continuo com a mesma vontade de o jogar de antes, algo que muitos jogos de estratégia não conseguiram. É tão importante que deveria fazer parte do currículo de formação de qualquer gamer, como os Lusíadas são para a Língua Portuguesa. Admito que o jogo seja underground, um título pouco conhecido, como o resto dos jogos da saga mas, quantas e quantas vezes não são estes os melhores?
Armando Mateus
Escrito por:

Gamer dedicado, leitor apaixonado e escritor nos tempos livres. Fascinado por um todo produzido pela sociedade: a Cultura, o símbolo dos velhos e dos novos tempos!

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