Acabei de ler: A filha dos mundos de Inês Botelho


Este livro saiu em 2002 e foi poucos anos depois que o li, sendo um dos primeiros livros que tive a oportunidade de ler, por isso guardo um carinho especial por esta história. "A filha dos mundos" faz parte de uma trilogia chamada "O Ceptro de Aerzis".

Penso e defendo que o livro "A filha dos mundos" deveria de ter estado na gaveta até hoje. Poderia com algumas alterações ser um livro bonito, com profundidade psicológica, mas que devido à sua rápida publicação será sempre lembrado como um livro "que poderia ter sido algo de bom". A acção decorre demasiado depressa, existe uma certa infantilidade em algumas descrições, nomeadamente na repetição do adjectivo "bonito" ou "belo": a Ailura é bela, o elfo é belo, mas dentro disso onde está a substância? Esta história acaba por ser para crianças que estão a entrar na fase de adolescência, porque acredito que para os jovens adultos e adultos lhe falte algo.

A Ailura aparece como uma mulher de 28 anos, directora de um jornal, com responsabilidade, mas que por algum motivo não gosta do namorado e a presença deste torna-se algo desagradável. Tudo isso muda quando Ailura é atropelada por um camião e encontra um mundo paralelo ao nosso. Esta espécie de twist recorda um pouco o romance de Neil Gaiman "Neverwhere", onde a personagem principal também entra numa espécie de realidade alternativa, fruto da sua ânsia de se escapar do mundo real. E este twist apesar de já existir é o único factor bom que o livro apresenta. O facto de todos nós gostarmos de um dia viver num mundo alternativo é uma premissa razoável para um romance fantasioso, apenas a maneira como usamos essa premissa deve ser tomada em consideração. As personagens falham, como referi e a acção peca pela rapidez, na qual é apresentada. Tudo é muito romântico, tudo decorre demasiado depressa.

Ou seja, se a Inês Botelho tivesse esperado mais uns tempinhos, poderia de facto ter apresentado algo mais substancial, talvez introduzir algo mais sobre o povo élfico, os anões. Como seria o seu dia-a-dia, explicar com maior detalhe como é que as pessoas se relacionavam, o próprio passado, a História daquele povo, entre outros factores. É preciso salientar que a escritora tinha apenas 16 anos quando escreveu esta trilogia.

Não nascemos todos uns Saramagos, mas lá vamos evoluindo com o tempo, vamos crescer, ter novas experiências, que vão reflectir-se no que escrevemos. É um livro que pode apelar as pessoas que só querem ler uma história leve, mas que não satisfará o leitor mais experiente.
Cristiana Ramos
Escrito por:

Dividida entre o mundo da Ciência e o mundo Geek. Viciada em livros e viagens. Espectadora assídua no cinema, especialmente se aparecer um certo Deus com cabelos loiros. Adora filmes de terror. Louca por cães, mas eles são tão fofos! Romântica incurável (apesar de não admitir). Fã de Friends e Big Bang Theory.

2 comentários:

  1. Olá! Concordo com muito do que dizes mas lá está, este é um livro mais inocente, escrito por uma adolescente para leitores adolescentes. Não sei se já leste o resto da trilogia mas pelo que me lembro (já a li há vários anos) os livros têm um desenvolvimento na escrita, enredo e nas personagens bastante notável.
    Beijinho

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    1. Vou deixar a autora do artigo responder às questões, mas deixo aqui o obrigado pelo comentário :D Inês Botelho era apenas uma adolescente quando escreveu esta trilogia, passando pelos seus 17, 18 e 19 anos. É uma idade onde normalmente amadurecemos bastante e isso transparece para o que fazemos, por isso acho normal que tivesse acontecido esse crescimento na escrita :D

      Obrigado mais uma vez :D

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