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Parece magia, mas a primeira temporada de As Arrepiantes Aventuras de Sabrina está finalmente completa.
Convenientemente lançada no final de Outubro de 2018, esta série da Netflix inspirada nas bandas desenhadas da Archie Comics com o mesmo nome viu a segunda metade da temporada ser lançada no início de Abril deste ano. Agora, finalmente consegui conjurar o tempo para a ver, rever e analisar os vinte episódios.
A série conta a história de Sabrina Spellman (Kiernan Shipka) e sim, é uma nova versão da personagem que muitos poderão reconhecer como Sabrina, a Bruxinha Adolescente (Sabrina, the Teenage Witch em inglês). No entanto, esta iteração é mais sombria e, apesar de ainda ter todo o mistério e algum humor, mergulha o pézinho no género do horror. Fez-me lembrar uma mistura de Sabrina, a Bruxinha Adolescente com Buffy, a Caçadora de Vampiros.
Desde o primeiro episódio mergulhamos num caldeirão onde o ingrediente principal é Sabrina, uma adolescente filha de um bruxo e de uma mortal. Isso torna-a o elo de ligação entre dois mundos: um onde se faz passar por uma rapariga comum, estuda numa escola normal e tem amigos mortais; e outro onde a magia acontece, onde é pressionada para agradar o Senhor das Trevas e onde vive com as suas tias Hilda (Lucy Davis) e Zelda (Miranda Otto), bem como com o seu primo Ambrose (Chance Perdomo) e o seu gato Salem.
Todo o elenco é fantástico e vende bem as personagens. Personagens essas que são profundas o suficiente para nos conseguirmos relacionar. Ainda assim, o foco vai claramente para Shipka, cujo charme nos faz ultrapassar a teimosia de Sabrina e permanecer captivados, talvez devido ao facto de esta teimosia ser acompanhada de uma quantidade de dúvida que torna a personagem humana.
Spencer Treat Clark (Unbreakable, Glass) é um dos actores convidados e espalha uma actuação bastante artificial por dois episódios, mas não julgaria a série toda por isso.
Cheia de demónios, bruxas, rituais, feitiços e encantamentos, a série tem um ritmo bastante bom, mesmo para uma série com tantos episódios de 40 minutos. Talvez por isso tenha sido dividida em duas partes.
A história avança tanto desde o seu estado inicial que é difícil escrever sobre os desafios de Sabrina sem dar demasiada informação. Posso dizer que tudo começa com a sua iniciação na Academia das Artes Negras, onde é exigido que assine o Livro da Besta e ceda a sua alma a Lúcifer. No entanto, Sabrina recusa-se e a sua personalidade desafiante, aventureira e persistente leva-nos por uma toca de coelho.
Infelizmente a série tem um grande ponto negativo que se torna mais presente à medida que os episódios passam.
Apesar da história ser coesa e mesmo no final referenciar os episódios iniciais, a magia é demasiado poderosa. Permitam-me explicar melhor. Quando entramos no mundo da fantasia, a questão "como é possível?" deixa de fazer sentido. Afinal, a resposta será sempre "é magia". No entanto, a questão "porque é que esta personagem age assim?" não deixa de ser válida. Agora, note-se que nesta série as motivações são sempre claras e tudo faz sentido de uma forma linear. O problema é que as regras delineadas ao longo da série sob a forma de feitiços e magia mais tarde deixam-nos a questionar "porque é que esta personagem não agiu de outra forma?". Feitiços como teletransporte, projecção astral, metamorfismo e ressurreição são elementos que são explorados nuns episódios e completamente ignorados noutros. Além disso, são habilidades tão absurdamente poderosas que não só quebram a fantasia como a história. Afinal, como é que uma bruxa pode viver a sua vida descansada quando qualquer pessoa lhe pode aparecer em casa num piscar de olhos e qualquer pessoa se pode fazer passar por outra?
É algo que podia funcionar bem na série original, que era mais virada para a comédia, mas não funciona tão bem numa história que se tenta levar a sério. Se conseguirem ignorar isso, a série é espectacular. Caso contrário, serão vinte longos episódios.
As Arrepiantes Aventuras de Sabrina dedica-se ainda a explorar algumas questões sociais actuais. A sexualidade é completamente posta de lado assim que entramos no mundo das bruxas, uma vez que, essencialmente, parecem não existir quaisquer restrições. Por outro lado, identidade de género e igualdade entre géneros são temas recorrentes que tanto têm algum efeito sobre a história, como por vezes conseguem ser demasiado óbvios e um pouco forçados.
Para terminar, os efeitos especiais são na sua maioria práticos e diria até que não são nada de especial. Os cenários e guarda roupa são bastante mais interessantes e ajudam a criar a imagem da série.
Concluindo, esta é uma série tem pontos negativos e positivos bastante fortes que podem dividir a audiência. Diria que ou gostarão mesmo ou não gostarão nada. De qualquer forma, provavelmente saberá muito melhor na época certa, quando as folhas estiverem a cair e as abóboras andarem na rua. Eu cá estarei à espera que uma segunda temporada seja invocada.
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