It Capítulo Dois chegou aos cinemas portugueses na semana passada, a 4 de Setembro, e veio apresentar-nos a sequela de It. Também produzido pela Warner Bros., realizado por Andy Muschietti e inspirado na obra de Stephen King, esta segunda parte da história conta com adições invejáveis ao elenco.
Após 27 anos, Pennywise (Bill Skarsgard) regressa à cidade de Derry e cabe ao Clube dos Falhados cumprir a promessa que fizeram entre si e voltar para o enfrentar. Para isso, o gangue, agora adulto e composto por Bev (Jessica Chastain), Bill (James McAvoy), Richie (Bill Hader), Mike (Isaiah Mustafa), Ben (Jay Ryan), Eddie (James Ransone) e Stan (Andy Bean), tem que enfrentar os seus medos e traumas novamente, não só pela sua sobrevivência, como para de todos os cidadãos de Derry. Afinal, eles cresceram, mas Pennywise também e voltou mais esfomeado, agressivo e aterrador que nunca.
A história é simples, o que acaba por ser complexo são as personagens, mas uma série de flashbacks bem colocados tornam a experiência perfeitamente compreensível e imersiva, mesmo para quem não tenha visto It ou já não se lembrar bem.
O constante alternar entre a acção actual e a de há 27 anos não é só suave, mas tem o estranho efeito de nos lembrar que adultos são nada mais que crianças que viveram muito tempo, o que torna as duas metades da história muito mais próximas.
Além disso, o casting é um ponto muito relevante para este filme e garantiu não só grandes talentos mas actores extraordinariamente semelhantes para as versões adultas das personagens que conhecemos na primeira parte. O filme merece ainda pontos por disfarçar o quanto o elenco juvenil cresceu entre filmes.
Ainda sobre a ponte temporal entre os dois filmes, a diferença de quase três décadas implica mais que uma simples mudança de caras. O terror, o humor e o drama vividos pelas personagens agora adultas têm um tom bastante diferente. Convém ter em conta que o primeiro filme era sobre crianças que não sabiam o que estavam a enfrentar (um pouco a estilo de Stranger Things). Já a sequela é o exacto oposto, mas tem que nos fazer acreditar que as personagens correm perigo. Naturalmente, o sabor acaba por ser idêntico, mas ainda assim diferente, sendo que It Capítulo Dois vem mais carregado no terror.
É o tipo de filme de terror à base de sustos e bocas cheias de dentes a saltar para o ecrã, mas não se deixem enganar, há algumas cenas mais elaboradas e arrepiantes. O humor também ficou diferente (nem pior, nem melhor, apenas diferente) e há apenas um ou dois momentos em que, sendo usado para aliviar a tensão de forma tão descarada, me tirou do filme.
O filme como obra independente e mesmo como sequela está bastante bem conseguido, mas distancia-se bastante do livro, particularmente quando se aproxima do fim. It Capítulo Dois parece ter-se desviado do material original para entregar algo mais coeso. Assim, quem leu o livro não deixará de ser surpreendido, mas pode esperar uma viagem menos alucinante.
Claro que há referências a outras obras e até um brilhante "cameo" do escritor, mas as referências mais gritantes parecem ser mais para fins cómicos que outra coisa.
Algo que o filme faz muito bem, tendo em conta que é de terror, é não deixar um sabor amargo na boca. Temos os sustos e os momentos de adrenalina, mas saímos do cinema satisfeitos com o ponto final deixado na saga.
Concluindo, o filme vale muito a pena para quem gosta de filmes de terror, bem como para os fãs de Stephen King. Quem não gosta de filmes de terror, mas até achou o It tolerável, bem... agarrem-se à cadeira.
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