Maléfica, Mestre do Mal


Confesso que é sempre com um ponto de cepticismo que enfrento cada novo filme Disney. Talvez seja um sistema de autodefesa, para evitar desiludir-me por comparação à época dourada dos anos 90. Mas às vezes o improvável acontece e é então que me deparo com uma sequela que foge completamente ao estigma que é esperado de uma sequela Disney (ou de qualquer sequela, francamente…). Esta sensação de choque, de surpresa são exatamente para o que vivo, como crítica de cinema. Esperar o pior e sair da sala de cinema com os olhos a brilhar. Maléfica, Mestre do Mal é um espectáculo visual ao nível de o novo Rei Leão e atrevo-me mesmo a compará-lo com o Avatar de James Cameron. Podem achar que ao dizer isto estou a entrar no perigoso terreno dos manifestos audazes. Não é o caso, passo a explicar porquê.

A partir do primeiríssimo minuto, somos envolvidos num mundo fantástico tão detalhado e encantador que a minha mente voa para dentro do ecrã e sou uma rainha num castelo de torres altas, sou um cavaleiro alado, sou uma fada e caminho descalça, com flores no cabelo, por um bosque, rodeada das mais maravilhosas criaturas. É um regressar aos clássicos Disney, mas com a vantagem do CGI do século XXI. Encanta-nos os sentidos como só um conto de fadas consegue fazer. 

Não nos ficamos simplesmente pelo visual. O enredo é também ele, cativante. Traz surpresa atrás de surpresa. Aurora (Elle Fanning) já não é uma menina mas sim a Rainha de Moors, rainha das fadas e de todas as criaturas do reino não humano. O Príncipe Philip (Harris Dickinson), entre mãos trémulas e suores frios, ganha coragem e pede-a em casamento. O único receio dos jovens noivos é a possível reacção tempestuosa que poderá vir a ter Maléfica (Angelina Jolie) quando receber a notícia. Como só poderia ser, à guardiã de Moors não lhe agrada de todo que a sua afilhada se misture com os humanos, mesmo sendo Aurora uma humana. Mas por amor à jovem, que considera como uma filha, decide aceitar o convite para jantar no castelo de Ulstead e conhecer os pais de Philip: o Rei John (Robert Lindsay) e a Rainha Ingrith (Michelle Pfeiffer). O que Maléfica não sabe é que um plano maquiavélico, encabeçado pela pérfida Rainha Ingrith a conduz diretamente para uma armadilha e acaba por ser ferida. Moribunda, no fundo do mar, alguém a salva no último instante. Alguém com os mesmos olhos, chifres e asas que ela...

Não, não é um spoiler, descansem. Esta pequena surpresa foi revelada no último trailer de Maléfica, Mestre do Mal. Existe uma cidade inteira, isolada do mundo, de criaturas aladas que descendem diretamente da primeira Fénix e contam com Maléfica para os conduzir à glória de outrora, quando rasgavam os céus e os humanos ainda não os tinham conduzido à beira da extinção. Temos portanto, uma “origins story”. Como gosto de uma boa “origins story”! E... esta não desilude. Foi, sem dúvida, a maneira mais inteligente de dar continuação à história de 2014. O primeiro filme já tinha tido bastante sucesso em recontar o clássico da Bela Adormecida de 1959, desta vez na perspectiva da vilã. Ao estilo do musical Wicked: A História Não Contada das Bruxas de Oz

Angelina Jolie está, como sempre, gloriosa com os seus longos chifres, asas negras aterradoras e aquela elegância que é impossível de copiar (talvez só equiparável a Nicole Kidman ou Catherine Zeta-Jones). Mas quem rouba o show, como se costuma dizer, é sem dúvida Elle Fanning que incorpora todas as qualidades de uma típica princesa Disney, mas com garra e paixão. As irmãs Fanning, tão diferentes uma da outra, nunca desiludem e tem sido um prazer vê-las crescer no grande ecrã.

Estreia já amanhã (17 de Outubro) por todo o país. Recomendo vivamente que gastem aqueles mínimos eurinhos extra na experiência IMAX. Na minha modesta opinião, é a única forma de ver o filme. Deixem-se levar pelo 3D, a fantástica banda sonora por Geoff Zanelli (O Último Samurai e Pearl Harbor) e a beleza de um filme feito, indubitavelmente, para deslumbrar os sentidos.
8.5
Maléfica, Mestre do Mal
Muito Bom
Catarina Loureiro
Escrito por:

Autora. Artista. Cismadora.

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