Pega Bicho



Quem não se lembra dos pega-monstros? Aquele brinquedo pegajoso que passávamos horas a brincar, a jogá-los contra a parede para uma diversão sem rumo? O brinquedo em si nunca teve uma aplicação prática e lógica, até aos dias de hoje, mas agora tudo mudou!

No jogo de tabuleiro Pega Bicho, cada jogar reencarna um lagarto que tem como objetivo conseguir o inseto mais delicioso e suculento. Mas como faremos isso? Nada mais, nada menos do que com um pega-monstro em formato de língua, em que vamos lutar contra os outros “lagartos” que pretendem o mesmo inseto que nós, porque na selva só ganha o lagarto mais ágil e apto!

O jogo é constituído por trinta e seis fichas de insetos de sete formas, tamanhos e cores diferentes. Os bichinhos são colocados e espalhados aleatoriamente pela mesa. Existem seis tipo de insetos que são “comestíveis” enquanto que as vespas podem nos picar a “língua”, logo convêm fugir delas! O tipo e a cor de cada inseto são essenciais para o desenrolar do jogo. Em cada turno, um “lagarto” (jogador) lança dois dados para determinar qual é o inseto que cada jogador tem que “comer”. Um dado vai corresponder à espécie do inseto e o outro a cor. Os jogadores identificam simultaneamente onde está a ficha correspondente e lançam as suas línguas pegajosas para o apanhar! O primeiro “lagarto” apanhar o inseto com a sua língua e o remover manualmente e a colocá-lo de volta à mesa ganha um ponto. Parece simples, mas na prática pode tornar-se numa pequena (ou grande) guerra entre os vários jogadores, isto porque enquanto o inseto estiver na tua língua os outros “lagartos” podem atacar-te com as suas línguas, numa tentativa de tentar roubar o inseto. Se apanhares uma vespa ao mesmo tempo que apanhas “o saboroso petisco”, a vespa pica-te a língua e não ganhas nenhum ponto. O primeiro lagarto a conseguir cinco pontos vence o jogo!

A ideia do jogo é tão simples e tão brilhante! É um exercício de destreza, tornando-se numa corrida contra o tempo para detetar e conseguir o inseto o mais rápido possível, resultando num ambiente altamente competitivo e ao mesmo tempo divertidíssimo. Eu cheguei a chorar de tanto rir, porque o caos estava instalado! Muitas vezes, eu afastava-me e só ficava a observar os outros jogadores numa tentativa desenfreada de apanharem o inseto que já tinha “voado” uns belos metros.

As vespas acrescentam outro estímulo ao jogo. Para além da velocidade e de reconhecimento, estes insetos abordam um pequeno desafio extra. A parte irónica disto é que nunca damos conta da presença das vespas até sermos “picados”, isto porque na tentativa de sermos os mais rápidos a agarrar o inseto escolhido antes de qualquer outro jogador, não há tempo para identificar as vespas e tentar não as apanhar. Aconteceu muitas vezes alguém gritar: “AHHH tenho uma vespa na língua”! Nestas situações, num esforço de a vespa nos deixar em paz, podemos abanar a língua para tentar que a vespa se largue e possamos pontuar. A questão é que sendo uma língua pegajosa, a tarefa não é nada fácil e para além disto, temos outras línguas de lagartos à nossa volta a tentar roubar-nos o nosso petisco! 

Acho que o jogo tem dois problemas. O primeiro é o facto de as fichas de insetos voarem facilmente. Muitas vezes, os insetos não aderem às línguas, outros são empurrados e enviados para fora da mesa, tornando tudo uma grande confusão. Apesar de tornar todo o jogo mais dinâmico e divertido, porque muitas das vezes somos obrigados a ir buscar os insetos ao chão ou em cima de uma cadeira, é necessário que no final de cada turno, se reúne todas as peças novamente e que no final de cada jogo se verifique o inventário e ter a certeza que não ficou nenhum inseto pelo caminho. Outro aspeto que nos preocupa são as línguas pegajosas e se estas se irão desgastar com o tempo. Este tipo de material coleta facilmente muito lixo, o que reduz a sua aderência. O livro de regras também sugere que no final de cada jogo lavar as línguas com água fria para preservar a aderências do material. Nós fizemos isso e numa primeira instância, deu-nos a sensação de que as línguas estavam como novas, por isso pode ser uma preocupação sem sentido. O tempo o dirá! Para além disto, o jogo já vem com duas línguas suplentes, o que pode ser bom caso haja algum acidente. 

Acredito que os miúdos vão adorar este jogo! Quanto aos graúdos, como no nosso caso foi um jogo hilariante, ótimo para relaxar, resultando em várias tolices e macacadas. Um ótimo jogo de tabuleiro para se introduzir numa família. Mas tenham às horas que o jogam porque pode tornar-se um jogo com muito barulho e gritos e os vizinhos podem não gostar (isto dito por experiência próxima!). Pega Bicho é uma experiência louca, mesmo que parecemos uns tolinhos enquanto se joga! Na verdade, a essência do jogo é mesmo essa, sermos tolos e nos divertirmos como se fossemos crianças!
Cristiana Ramos
Escrito por:

Dividida entre o mundo da Ciência e o mundo Geek. Viciada em livros e viagens. Espectadora assídua no cinema, especialmente se aparecer um certo Deus com cabelos loiros. Adora filmes de terror. Louca por cães, mas eles são tão fofos! Romântica incurável (apesar de não admitir). Fã de Friends e Big Bang Theory.

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