Ter tido a oportunidade de jogar uma dose de horas de Days Gone no dia de apresentação do jogo organizado pela PlayStation Portugal há uns meses acabou por deixar-me bastante intrigado por meter as mãos à versão final. Este é um novo título introduzido nos exclusivos da PlayStation e vem dos estúdios que levou os jogadores de PSP aos mundos de Resistance e os jogadores da PSVita até às aventuras portáteis de Uncharted, não esquecendo o desenvolvimento da famosa saga Syphon Filter. Depois de alguns anos sem qualquer anúncio por parte deste estúdio acabou por ser apresentado o seu novo título, que mais uma vez é uma propriedade intelectual completamente nova. Assim arrancou o desenvolvimento de Days Gone que durou uma série de anos. Começando a produção no início de 2015, foi depois apresentado na E3 de 2016, tal qual uma imensidão de jogos que acabaram por ter os seus lançamentos bem longe do anúncio. Agendado para 2018, começou a ganhar alguma força e o público ganhou um maior interesse, mas depressa caiu quando o jogo passou para 2019. Finalmente em abril de 2019 foi lançado ao mercado.
Esta longa produção parece não ter sido o melhor para Days Gone. Principalmente quando encontramos tantos problemas na versão quase final do jogo que nos foi apresentada a pouco mais de um mês do lançamento, mas o lançamento lá aconteceu a 26 de abril e novamente comecei a aventura, desta vez focado em conhecer toda a narrativa. Com a promessa por parte da Bend Studios numa história forte e bem construída, nota-se claramente que esse esforço foi bem conseguido nos momentos iniciais. O jogo apresenta-nos uma série de direcções muito interessantes e um conjunto de cenários excelentes para o seu género. Com personagens que a princípio mostram enorme potencial e uma aventura com detalhes de exploração muito bem feitos. Infelizmente apenas as primeiras horas se demarcam desta forma.
Passado algumas horas de jogo ficou bem claro que o estúdio parece ter perdido o norte, o sul… na verdade em todos os sentidos. O jogo perde-se na sua própria ideia e com tantos pontos a colocar em marcha acabou por ficar demasiado longe das expectativas de todos. Vamos ser sinceros, a Bend Studios é um estúdio com muito trabalho bem apresentado, mas nunca foi um grande destaque, principalmente no que toca à sua entrada em diversas produções. O seu primeiro trabalho foi uma autêntica desgraça, enquanto as restantes franquias onde trabalhou viram o seu início de desenvolvimento bem complicado graças às propostas apresentadas pelo estúdio. Quando falamos de um título de grandes orçamentos, os chamados AAA, falamos de algo que é praticamente obrigado a ser um sucesso nas críticas e principalmente um sucesso de vendas. Nem todos os AAA são sucessos nas críticas, mas que críticas negativas acabam por impactar as vendas é, bem sabido e Days Gone não se escapou de uma série de notas baixas.
Este é um jogo que definitivamente está nos extremos dos gostos do público. Parece que ou se adora, ou se odeia e as notas dos sites da especialidade demonstram isso mesmo, mas por aqui… Bem, posso dizer que há algumas características que Days Gone pega que são deveras interessantes e que gosto especialmente, mas que infelizmente não passam das ideias. No que toca à execução acaba por falhar redondamente, como já devem ter percebido. Vários problemas no desempenho que continuam presentes na versão final, tal como um mundo aberto que mesmo com todos os momentos para nos causar a sensação que estamos constantemente em perigo, acaba por ter demasiado tempo sem nada de interessante para realmente se fazer. A narrativa não é assim tão interessante como se previa inicialmente, principalmente porque tal como o resto do jogo dá sempre a sensação que lhe falta ali algo.
Days Gone tem perto de 40 horas só para completar a história principal, mas para o que a Bend Studios apresentou julgo que um título de 15 horas seria mais perfeito… ou talvez não. Fica difícil decifrar o que realmente seria bom para melhorar este jogo, mas um ponto muito importante é quase certo: O desenvolvimento de um jogo com um estilo tão semelhante a The Last of Us que se tornou um dos maiores sucessos da PlayStation não foi de todo uma boa ideia. Graças a isso a produção acabou por sofrer demasiado e todo o desenvolvimento andou meio que às voltas sem saber para onde se virar. Este facto acabou realmente por prejudicar em grande escala este jogo e mesmo com todas as tentativas é difícil negar todas as semelhanças entre os dois títulos. Ainda para mais quando o segundo capítulo de The Last of Us tem vindo a ser apresentado com um estilo que parece ter servido de base para tudo o que Days Gone nos apresentou. Talvez um lançamento em 2017 tivesse ajudado mais às vendas, visto que The Last of Us já ia com alguns anos e a parte 2 ainda estava bem longe de sair.
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