Normalmente vejo séries que me tiram da seriedade quotidiana e me trazem um pouco de luz, alegria e humor, mesmo que batidas e misturadas com um pouco de drama. No entanto, hoje trago-vos algo diferente. Trago-vos uma série super-séria que explora o drama de uma pequena comunidade atordoada pela morte de uma criança: Broadchurch.
Broadchurch é um drama policial britânico criado, produzido e escrito por Chris Chibnall e estrelado por uma série de caras familiares (lá chegaremos). Tem 24 episódios de aproximadamente 45 minutos igualmente distribuídos por 3 temporadas, começou em 2013 e terminou em 2017.
A primeira coisa a notar é que houve cuidado para que a história ficasse contida em cada temporada. Isto é, podemos facilmente parar de ver no fim de uma temporada e não nos fica a faltar nada. Agora que terminou, parece pouco relevante, mas o cuidado em dar um fim digno e satisfatório à série na eventualidade de ser cancelada, na minha opinião, revela decência e respeito pela audiência.
A história revolve em torno de uma vila (ficcional) chamada Broadchurch, onde um rapaz de 11 anos aparece morto. Ainda que sejam cenários e circunstâncias bastante diferentes, não pude deixar de comparar com o mediático caso da Maddie, que varreu os jornais portugueses no início do milénio.
À primeira impressão pareceu-me apenas mais um episódio de CSI ou um daqueles policiais britânicos descendentes dos de Agatha Christie ou Sir Arthur Conan Doyle, mas o foco rapidamente saltou para os efeitos do crime e da exposição mediática na comunidade de Broadchurch.
Talvez seja pouco conhecida fora do Reino Unido, mas na sua terra natal bateu recordes de audiência e, sendo do género policial, todos os esforços foram feitos para manter em segredo o final da primeira temporada. Além disso, apenas os primeiros episódios foram escritos antes das filmagens começarem. Chibnall esperou até ver o elenco a actuar antes de escrever os guiões seguintes de forma a explorar as performances de cada actor. Estes esforços são recompensados e, em menos de nada, suspeitamos de tudo e todos e tenho que admitir que fiquei surpreendido no final.
Como disse no início, a série tem algumas caras e nomes familiares, em particular para os fãs de Doctor Who. Assim, do elenco fazem parte David Tennant (Doctor Who), Olivia Colman (The Crown), Jodie Whittaker (que mais tarde também viria a protagonizar na série Doctor Who), Andrew Buchan (Todo o Dinheiro do Mundo) e Arthur Darvill (também conhecido como Rory em... adivinhem... Doctor Who).
Depois de ter visto a minha quota-parte de policiais, admito que o que me chamou a atenção foi o elenco, que me deixou muito curioso sobre como os actores passariam de papéis leves e alegres para outros mais sérios. Não fiquei desapontado, mas há tantas personagens relevantes que o protagonismo de Tennant facilmente lhe escapa.
A série é bastante constante em todos os aspectos ao longo das três temporadas. Se gostarem da primeira, vão gostar do resto. Fica um breve resumo (sem estragar nada). A primeira temporada lida principalmente com o mistério e a busca pela verdade do destino do jovem rapaz. A segunda explora mais as consequências das revelações do final da primeira temporada. Por fim, a maioria do elenco volta para a terceira temporada, apesar desta seguir um crime diferente: a violação de uma mulher. Esta última temporada faz um bom trabalho em trazer luz aos crimes sexuais, que por vezes são difíceis de falar.
Dado o sucesso, a Fox Broadcasting Company encomendou uma adaptação para o público dos Estados Unidos chamada Gracepoint. Essa também foi estrelada por Tennant e criada e produzida por Chibnall, mas não atingiu uma grande audiência e não teve uma segunda temporada.
Concluindo, vale a pena? Como tudo na vida, depende dos gostos. Para quem gosta de policiais ou de séries que tocam em temas que geralmente se prefere não tocar, sem dúvida. Quem quer boa disposição só vai ter consolo no facto de ser uma história fictícia.
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