Patrulha do Destino é uma série spin-off da série Titans produzida para a DC Universe baseada em personagens das bandas desenhadas da DC.
Tudo começou numa tarde solarenga quando, em vez de ir receber um bocadinho de vitamina D, optei pela familiar escuridão da minha sala. Olhei com desdém para a pequena película de pó que começava a cobrir a televisão, liguei-a e deixei-me transportar para um mundo ainda mais estranho. Sim, "estranho" será a palavra-chave.
O melhor mesmo é atirar-te à água. Posso tratar-te por "tu", certo? Tarde demais. No primeiro episódio vi o cérebro de um homem ser colocado num robô, conheci uma mulher que derrete, encontrei um homem que partilha o corpo com um ser incorpóreo, descobri uma rapariga com múltiplas personalidades super-poderosas e apresentaram-me o não menos enigmático cientista louco que os juntou a todos. Aprecia o choque.
"E então?", perguntas tu e bem. Afinal, isso é apenas a fina casca que cobre as várias camadas destas personagens que podemos carinhosamente comparar a cebolas. "Onde está a história? A motivação?". Calma.
Cliff Steele (Brendan Fraser), o Homem-Robô, é finalmente reanimado com sucesso anos após a sua (primeira) morte. Ele está vivo, mas é agora uma aberração, uma mente num corpo de lata incapaz de sentir. Como irá reencontrar a sua família? Se achas isso dramático, há mais. Rita Farr (April Bowby), a Mulher-Elástica, era uma atriz, mas como pode ela voltar aos holofotes quando a sua cara se transforma numa taça de Cerelac à mínima flutuação emocional? Larry Trainor (Matthew Bomer), também conhecido como Homem-Negativo, e a Crazy Jane (Diane Guerrero) também têm os seus segredos, mas vou deixar que sejam eles a contá-los. Enfim, juntemos à mistura Cyborg (Joivan Wade), o Chefe (Timothy Dalton) e o vilão carismático Sr. Ninguém (Alan Tudyk) e temos uma deliciosa nhanha de captivantes talentos a dar a sua chicha a captivantes personagens.
Então e a aventura? Vamos lá dar corda a isto. O Chefe é a figura paternal que acolhe estas figuras estranhas, a cola que une estas peças de Lego deformadas, se assim quiseres. Quando o Sr. Ninguém o rapta, o bando de tristes desengonçados tem que descobrir o poder nos seus defeitos e encontrar em si a força para se unir e ultrapassar as falhas de cada membro. Só assim poderão (talvez) encontrar o seu mentor e trazê-lo de volta para casa. Por outro lado, o Sr. Ninguém é vingativo e praticamente omnipotente. Boa sorte para eles.
É de notar que o vilão também é o narrador, quebrando sistematicamente a quarta parede e estabelencendo um dos pilares da comédia desta série.
A série é perfeita? Não. Por vezes parece que avança devagar à medida que nos apresenta uma parada de estranhas personagens (incluindo uma rua chamada Danny) ao longo dos seus 15 episódios de 60 minutos. Enquanto o primeiro episódio foi dos melhores e teve o seu papel em prender-me aos restantes 14, o climax pareceu fraquinho, talvez atenuado por toda a estranheza espalhada ao longo da série. No entanto, apesar do ritmo em média moderado, o contraste entre o tom comédico e dramático ajuda a manter os olhos abertos. Isso e o mistério, claro.
Muito sinsériemente, as minhas expectativas eram baixas, por isso, mesmo que o final tenha sido mais um suspiro que uma explosão, tenho que reconhecer que a viagem tocou no meu caroço aventureiro enquanto espremia todos os sumos de emoção.
Resumindo, a série é uma montanha-russa. Não, uma montanha-russa permite-nos ver para onde vamos. É uma montanha-russa em marcha-à-ré às escuras que pode saltar entre dimensões a qualquer momento. Apesar de ser uma série sobre super-heróis, todas as personagens são humanas e fáceis de compreender. Esse será o único ponto que nos prende ao chão.
Enfim, dizem que se pode conhecer uma pessoa pelas suas companhias, por isso a questão é: Será que te reconhecerás nalgum membro desta patrulha? Serás capaz de te juntar ao gangue, agarrar o destino pelos tintins e lançar-te nesta alucinante aventura? Depois diz como foi.
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